Não será por falta de candidatos que os eleitores do distrito não irão votar no próximo dia 6 de Outubro. Ao todo, são 21 as forças políticas que irão constar do boletim de voto, o que constitui um número recorde.
Além de Leiria, só os círculos eleitorais de Braga, Coimbra, Porto e Europa registaram tamanho número de candidaturas, sendo que nos de Aveiro, Lisboa, Setúbal, Viana do Castelo, Viseu, Madeira e Fora da Europa os eleitores terão 20 opções de escolha.
Recorde é também o número total de elementos que compõem as listas pelo distrito, entregues no Tribunal de Leiria. A disputar os dez mandatos de deputado por Leiria estão mais de 250 candidatos. Segundo a Lei Eleitoral, as listas propostas devem indicar como elementos efectivos, pelo menos, dez nomes, número correspondente ao dos mandatos atribuídos a este círculo eleitoral. Como suplentes, são exigidos, no mínimo, dois candidatos.
A três semanas das eleições que irão determinar a nova composição da Assembleia da República, o JORNAL DE LEIRIA faz um pequeno retrato dos 21 cabeças-de-lista pelo distrito.
Com a excepção de João Pais do Amaral, o empresário natural de Lisboa, mas a residir em Alcobaça, que volta a dar a cara pela candidatura do Partido Nacional Renovador (PNR), são todos estreantes no papel de liderar listas em Leiria.
Heloísa Apolóna, a histórica dirigente e deputada de Os Verdes que está a concluir a oitava legislatura, já por várias vezes desempenhou a função de cabeça-de-lista, mas sempre por Setúbal, distrito de onde é natural. Agora, é a aposta da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e Os Verdes) para conseguir eleger um deputado por Leiria, o que não acontece há 34 anos.
Além de estreante como cabeçade- lista por Leiria, Heloísa Apolónia é [LER_MAIS] um dos oito 'pára-quedistas' – candidatos não nascidos nem residentes no distrito – que lideram listas neste círculo eleitoral. Ricardo Vicente (BE), Raquel Abecassis (CDS-PP), Pedro Ladeira (Nós Cidadãos), Bernardo Blanco (Iniciativa Liberal), Sérgio Gomes (Juntos pelo Povo) e Ruben Lopes do Castro (PTP) são os outros cabeças-de-lista, sem aparente, ligação ao distrito.
Na recente apresentação da equipa de candidatos que a acompanha e do programa eleitoral do CDS-PP, Raquel Abecassis, que concorre como independente, disse assumir a sua “condição de pára-quedista – de alguém que não é daqui-”, não só no distrito, mas também na política, uma vez que, no currículo, tem apenas uma experiência nesta área, como candidata à Junta de Freguesia das Avenidas Novas, em Lisboa, nas últimas autárquicas.
Disse, contudo, esperar repetir a façanha do pai, Nuno Cruz Abecassis, que, em 1995, foi 'pára-quedista” por Setúbal e conseguiu que o CDS-PP elegesse, pela primeira vez, um deputado por esse distrito, que, desde então, nunca mais perdeu. Em Leiria, Raquel Abecassis espera manter o deputado centrista e, até, eleger um segundo, feito que o partido só conseguiu em 1983.
No caso de Heloísa Apolónia, a CDU, que nos últimos anos tinha apresentado como número um da lista candidatos da região, explica que a escolha da dirigente de Os Verdes dá “expressão” à prioridade que a coligação aponta às questões do desenvolvimento sustentável e da defesa do meio ambiente “num distrito que foi alvo de duas das maiores tragédias ambientais, económicas, sociais e humanas do País – os incêndios de Pedrogão e do Pinhal de Leiria”.
Dos 23 aos 70 anos
Estudante, natural de Torres Vedras e residente em Lisboa, Bernardo Blanco, que se apresenta pela Iniciativa Liberal (força política formalizada em 2017 que concorreu, pela primeira vez, às eleições para o Parlamento Europeu) é o candidato mais jovem (23 anos). Segue-se Filipe Honório, técnico de desenvolvimento rural nascido e residente em Leiria, que tem 28 anos e que encabeça a lista do Livre, e Margarida Balseiro Lopes, actual deputada e líder nacional da Juventude Social-Democrata (JSD), escolhida por Rui Rio para número um do PSD por Leiria.
Raul Castro, ex-presidente da Câmara de Leiria que lidera, como independente, a candidatura do PS no distrito é o cabeça-de-lista com mais idade (70 anos), seguido de Adelino Pereira, serralheiro aposentado que concorre pelo PCTP-MRPP e que tem 68 anos, e de Edite Veiga, doméstica de 62 anos, que dá a cara pelo PURP.
A média de idades dos 21 cabeças- -de-lista por Leiria é de 45 anos.
Ex-autarcas na corrida ao Parlamento
Raul Castro não é o único ex-autarca a assumir o papel de cabeça-de-lista. Há também o caso de Amílcar Gaspar, gestor de empresas, de 50 anos, que já foi, por duas vezes, presidente da Junta de Freguesia de Regueira de Pontes, concelho de Leiria, eleito sempre com maioria absoluta. Em 2009 concorreu pelo PSD, sendo que nas autárquicas seguintes, em 2013, se apresentou pelo PS. Nas eleições legislativas de Outubro lidera a candidatura do Partido da Terra – MPT. “A intervenção política em defesa do meio ambiente é urgente. O MPT anda a avisar para essa urgência há 26 anos. Estou aqui para ajudar a arranjar soluções”, explica Amílcar Gaspar, na página oficial da sua candidatura no facebook.
Tal como o líder do partido, André Ventura, também Luís Paulo Fernandes trocou o PSD pelo Chega. Até há pouco tempo membro da Assembleia Municipal (AM) de Pedrógão Grande, eleito pelos sociais-democratas, o empresário, que já liderou a Associação de Empresas de Diversão, encabeça agora a candidatura do Chega no distrito, tendo renunciado ao mandato naquele órgão autárquico.
Em declarações recentes à Agência Lusa, Luís Paulo Fernandes referiu que a decisão de deixar a AM de Pedrógão Grande era algo que "já estava a ponderar há algum tempo", porque "as coisas não andavam muito bem", o que o levou a desacreditar no PSD. "Tenho alguma vergonha de ser de Pedrógão Grande pelo que os partidos fizeram a Pedrógão Grande" depois dos incêndios de 2017, assumiu.
Sobre a escolha para cabeça-de-lista por Leiria, o empresário considerou que "esta confiança é algo muito forte" e "só prova que André Ventura escolhe pessoas do povo". Nas eleições legislativas de Outubro, Luís Paulo Fernandes vai "à luta", mas salienta que "não há extremismos". "Não sou assim, nunca serei. Sou uma pessoa de valores e de respeito pelo próximo e vou lutar para que este partido não alinhe em extremismos", vincou.
Olhando para a actividade profissional dos cabeças-de-lista, os juristas aparecem em maior número (três), seguindo-se os empresários (dois) e os gestores (dois). Entre os restantes 14, há uma diversidade de profissões, como psicólogo clínico, doméstica, serralheiro aposentado, jornalista, bibliotecário, técnico de desenvolvimento rural ou engenheiro agrónomo.