Quem é que tem agora à volta de 40 anos e não passou tardes e tardes a lançar bolas para um cesto improvisado? E não era fã incondicional de Magic Johnson e Michael Jordan? E torcia pelos Chicago Bulls ou pelos Los Angeles Lakers?
O fim-de-semana era passado colado à televisão para assistir a jogos da NBA com os comentários de Carlos Barroca e a segunda-feira servia para todos tentarem replicar as jogadas mais espectaculares.
Bruno Casinha é dessa geração. Tem 41 anos e na altura, como agora, torcia pelos Boston Celtics e idolatrava Larry Bird. Em Pombal, no entanto, o basquetebol de competição sempre foi mais coisa de meninas e a carreira desportiva limitou-se ao Desporto Escolar e a uma temporada no Núcleo.
Admite que “o talento não correspondia ao entusiasmo”, mas não foi isso que o impediu de passar muito tempo nas tabelas da Escola Secundária de Pombal.
Jamais Bruno imaginaria que passadas duas décadas e meia estaria prestes a estrear-se como comissário da federação internacional de basquetebol (FIBA), num jogo da EuroCup feminina. O desafio, marcado para o próximo dia 29, será disputado em França, na cidade de Charleville Mézières e vai opor a equipa da casa, o Flammes Carolo Basket e o Peac Pecs, da Hungria.
Arbitragem
Bruno Casinha tirou o curso de árbitro aos 19 anos e estreou-se num jogo de cadetes femininos [LER_MAIS] em que a equipa de Pombal derrotou uma outra por 217-2. Pareceu fácil, mas não foi sempre assim. Os anos passaram e Bruno chegou ao segundo escalão, mas as lesões impediam uma actividade permanente. “Era penoso treinar e fazer jogos”, admite.
Há seis anos terminou uma carreira e há cinco iniciou outra, quando a Federação Portuguesa de Basquetebol abriu um curso de comissários e observadores. Bruno concorreu e foi subindo na hierarquia nacional, até que no ano passado candidatou-se a um lugar internacional, validado num clinic realizado na Croácia, em Junho. Há 19 anos que não havia um novo comissário da FIBA em Portugal.
O papel que representa é extremamente “abrangente”. “Estamos com um olho no burro, outro no cigano e outro na nuca a ver o que se passa à volta. É muita coisa ao mesmo tempo”, explica o comissário.
“Temos de avaliar os três árbitros, as quatro pessoas que estão na mesa, a segurança, o piso, os balneários, os equipamentos, a bola de jogo, ver as inscrições, os hotéis, a alimentação e o transporte. No caso de haver controlo antidoping tenho de fazer o sorteio e levar os jogadores. Qualquer situação anormal sou eu que tenho de tomar uma decisão.”
São muitos os regulamentos que tem de saber “na ponta da língua”, até porque tem noção que nos jogos internacionais “não há margem de erro”. “Tento controlar o máximo de factores possível. Foi-nos dito que se não correspondermos não teremos mais jogos até ao fim da época.”