Uma vitória indiscutível por 3-0 voltou a provar, este último fim-de-semana, que o lugar do Sporting Clube das Caldas é na 1.ª divisão nacional de voleibol.
A passagem à segunda fase da 2.ª divisão já está garantida a cinco jornadas do fim e, ainda assim, cada ponto é sempre celebrado em euforia, porque esta equipa sabe que a vitória nem sempre está assegurada.
O Sporting Clube das Caldas estava habituado à elite. Militou durante dez anos na 1.º divisão nacional e más decisões levaram esta equipa, na época 2022/2023, a descer de competição. Para Ricardo Oliveira, que dentro de campo assume a alcunha de Kiká, este desaire serviu de aprendizagem. “Claro que é muito bom estar na 1.ª, mas também nos fez bem – ao clube e aos jogadores que estão há mais tempo – descer um bocadinho à realidade e perceber que dificuldades podemos encontrar. Agora, sim, subir à 1.ª é o objectivo. A sensação é diferente”, admite o capitão, que alinha pela equipa de Caldas da Rainha há 11 anos.
O clube está agora de ‘cara lavada’. Entrou uma nova equipa técnica, foram contratados novos jogadores que se juntaram à ‘prata da casa’ e a direcção foi renovada. Está tudo preparado para regressar ao mais alto patamar do voleibol e o treinador principal está confiante. “Estamos em posição de lutar por isso”, assume Frederico Casimiro.
As condições físicas e técnicas, garante, estão lá. E a união entre os jogadores é quase palpável durante os jogos. Cada ponto, mesmo que resulte de uma falha do adversário, é celebrado como se fosse sempre decisivo. Ao mesmo tempo, no momento em que a equipa perde um ponto para o adversário, os jogadores abraçam-se, apoiam-se e preparam-se para o próximo serviço.
Além dos treinos semanais, a preparação deste conjunto passa também por uma análise estatística aos adversários, essencial para preparar os jogadores. “Sem ovos não se fazem omeletes” é a frase que este treinador tende em repetir, por reconhecer que, para atingir os objectivos, têm de se conjugar vários factores: uma boa equipa técnica, jogadores de qualidade e união dentro do balneário.
Ao talento local, o Sporting Clube das Caldas foi buscar jogadores ao Canadá, Irão e Estados Unidos da América, capazes de fazer a diferença dentro de campo. Uma estratégia que tem dado frutos, afirma o treinador.
Kiká também reconhece os resultados positivos que a equipa está a ter esta época, numa modalidade dominada pelo sexo feminino. Para este atleta, o voleibol é um desporto atractivo para todos. “As melhores amizades que tenho, as melhores sensações em termos desportivos, vieram do voleibol. É um desporto difícil de começar, mas, no cômputo geral, não se consegue individualizar muito como o futebol. No futebol, posso pegar na bola e chegar à baliza sozinho, aqui é impossível”, enfatiza, ao enaltecer o trabalho de equipa que, neste desporto, é obrigatório.
Clube centenário aposta na formação
Em 2025, o Sporting Clube das Caldas está a celebrar o 105.º aniversário, pautado pela aposta na equipa principal sénior, mas também na formação. “Nem fazia sentido de outra forma”, justifica Antónia Correia, a primeira mulher presidente deste clube centenário que, com o apoio de mais quatro pessoas na direcção, quer “continuar a construir para o futuro”.
A bancada composta nos jogos em casa, o crescimento do número de atletas e a candidatura de duas listas aos órgãos sociais do clube mostram que esta instituição está de boa saúde, rodeada de pessoas que pretendem contribuir para o seu sucesso.
Perante mais um aniversário, Antónia Correia desvenda o presente que gostaria que o clube – e o concelho – recebesse: um novo pavilhão gimnodesportivo, capaz de responder às instituições da região que já não encontram mais espaços para treinar. “Não temos espaços para treinar, tem sido uma guerra. Era bom se a autarquia nos ouvisse, não só a nós mas também às outras instituições, e que nos construísse um pavilhão, onde pudéssemos colocar vários campos ao mesmo tempo, algo grande. Vamos tentar lançar este mote ao presidente [da câmara]”, propôs.
Enquanto isso, a formação continua a crescer. São já 150 atletas distribuídos por nove equipas que, a longo prazo, podem “alimentar as equipas seniores”, esclarece Diogo Ornelas, coordenador da formação. “É sinal que o clube está vivo e a melhorar”, admite.
Voleibol cresce na região
Mais clubes, mais atletas e mais técnicos. O voleibol na região está a crescer e Mário Pedro, presidente da Associação de Voleibol de Leiria, confirma a criação de novos clubes e equipas, que aumentou de 9 na época passada para 12, entre o distrito de Leiria e Santarém.
Na época passada, já eram contabilizados 929 atletas, onde predominavam as mulheres, número que deverá também crescer este ano.
Com um “aumento predominante no feminino”, as equipas masculinas têm-se mantido. Promover igualdade de género “tem sido difícil porque os masculinos acabam por estar muito agarrados ao futebol”, afirma o responsável.
Nos últimos anos, a associação de voleibol está a apostar na regularização de clubes e nas formações de treinadores e árbitros, para “dignificar a modalidade”. Para captar atletas, promovem a iniciativa ‘Gira Vólei’, com visitas às escolas para dar a conhecer o voleibol às crianças.