Natural de Colmeias, Leiria, mas radicado em França há mais de 50 anos, o empresário Diamantino Marto está disponível para encabeçar um grupo de investidores que viabilize, financeiramente, a componente de aviação civil na Base Aérea de Monte Real (BA5). Segundo noticiou o jornal Público, o assunto foi abordado numa reunião, que o empresário teve na sexta-feira com o primeiro-ministro António Costa.
Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, Diamantino Marto confirma que quis saber se, da parte do Governo, há abertura e “vontade política” para um projecto desta natureza, a viabilizar através de investimento privado.
“A resposta não foi negativa. Tem de haver um compromisso político firme, para reunirmos um grupo de investidores e para que o projecto avance. Sem o aval do Governo, nada feito”, adianta o empresário, revelando que esta não foi a primeira vez que abordou o assunto com o primeiro- ministro.
“Ter um aeroporto em Monte Real será bom para toda a região Centro”, afirma Diamantino Marto, convicto que este é um investimento “útil e viável”, até porque, alega, algumas das estruturas existentes na base poderão ser afectas ao projecto “sem interferir com a actividade militar”.
Há um ano, em campanha para as eleições legislativas, António Costa disse, em Leiria, que a abertura da BA5 à aviação civil é “algo justo, que é necessário e que faz sentido”.
Em Janeiro deste ano, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, garantia, numa mensagem enviada ao presidente da Câmara de Leiria que, na região Centro, “só o [aeroporto] de Monte Real tem pernas para andar”. Por seu lado, o ministro da Defesa, tem dito que a Força Área “está sempre do lado da solução” e que não haverá da parte da instituição militar “nenhuma oposição dogmática” à utilização da BA5 para voos civis.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, publicada no início de Agosto, João Gomes Cravinho manifestou abertura para haver aviação civil em Monte Real. “Será muito difícil justificar o investimento para ter um aeroporto internacional a funcionar em pleno. Mas pode acolher voos civis charter”, disse o ministro. Mas acrescentou: “Há disponibilidade desde que alguém pague a conta e desde que também haja uma justificação económica.”
Percurso
De maquinista a dono de um pequeno império
Natural de Colmeias, Leiria, Diamantino Marto emigrou para França há 56 anos. Partiu com um objectivo de juntar algum dinheiro e voltar para Portugal, mas, aos 74 anos, o regresso à sua terra natal continua por acontecer. Dono de uma das maiores empresas de demolições de França (a Marto & Fils) e de perto de duas dezenas de sociedades, sobretudo ligadas ao ramo imobiliário, mas também à agricultura e à hotelaria, Diamantino Marto já viu o seu mérito distinguido pelos Presidentes da República de Portugal e de França, Cavaco Silva e Jacques Chirac. Em 2016, o empresário recordava ao JORNAL DE LEIRIA que a sua aventura em terras gaulesas começou aos 17 anos, quando deixou as Colmeias “à procura de uma vida melhor” e para tentar “escapar” à guerra colonial. Munido de passaporte e de um contrato de trabalho, fixou-se inicialmente em Lille, onde trabalhou numa companhia francesa na área das obras públicas. Dez anos depois, mudou-se para Paris e decidiu lançar-se por conta própria. Começou sozinho e “fazia tudo: trabalhava com a máquina, arranjava os orçamentos e passava as facturas.” Foi assim o início da Marto & Fils, empresa do sector das demolições. Depois de se reformar, entregou a condução da empresa aos dois filhos, ambos formados em engenharia, mas manteve-se no activo.