No Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria) há um curso com uma taxa de desemprego de 0%. É a licenciatura de Tradução e Interpretação Português/ Chinês e Chinês/Português da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) que, no ano passado, não tinha qualquer diplomado entre 2012 e 2016 inscrito como desempregado no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Pelo contrário, o curso de Serviço de Social, daquela mesma escola, apresentava uma taxa de desemprego de 13,5%.
Os dados constam do portal Infocursos, uma ferramenta disponibilizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que fornece informações, curso a curso, para “apoiar as escolhas no acesso ao ensino superior”.
Importa, contudo, frisar que os dados relativos à empregabilidade não permitem, por exemplo, distinguir se o recém-diplomado se encontra ou não a trabalhar na sua área de formação. Ou seja, pode ser contabilizado como empregado embora não esteja a desempenhar funções relacionadas com o curso que tirou.
Ressalva feita, voltemos aos números disponíveis no Infocursos (infocursos. mec.pt), segundo os quais, no IP Leiria os curso de Educação Básica e de Enfermagem aparecem com taxas de desemprego, respectivamente, de 0,8% e de 1,4%. No pólo oposto, estão, além de Serviço Social, os cursos de Comunicação e Média e de Solicitadoria, com 9,9 e 9,1% de diplomados inscritos como desempregados no IEFP.
Para Cristina Nobre, coordenadora do curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês e Chinês/ Português, e Sandrina Milhano, directora da ESECS, os bons resultados desta licenciatura, no que à empregabilidade dizem respeito, devem- se , sobretudo, “à excelência da formação obtida durante os quatro anos da licenciatura e à coesão do seu plano curricular”.
[LER_MAIS] As responsáveis realçam ainda o facto de o curso, que conta já com “um historial feliz de 12 anos lectivos”, ter associado “um inovador estatuto protocolar com o Instituto Politécnico de Macau e a Universidade de Línguas e Culturas de Pequim”, que permitem aos formados “dois anos de imersão linguística” na língua chinesa, o que “tem sido uma mais-valia inesgotável”.
Por outro lado, tanto Cristina Nobrecomo Sandria Milhano, consideram que os dados do IEFP “podem ser interpretados como a abertura dos mercados actuais a formações deste tipo, capazes de conciliar uma formação científica e cultural sólida com a prática profissional, sobretudo através do estágio curricular”, que tem lugar no 4.º ano do curso.
“Trata- se de uma formação inovadora com uma resposta diferenciadora para os estudantes, confirmada pela adequação das competências às necessidades e expectativas do mercado de trabalho, num contexto global”, acrescentam, frisando, contudo, que o curso está “muito longe de ser um curso fácil ou de sucesso” e “exige um trabalho árduo aos estudantes e uma adaptabilidade e flexibilidade a condições e culturas diferentes”.
A par da taxa de desemprego nula, o curso de Português/Chinês da ESECS destaca-se também pela média final de 17 valores, a segunda mais elevada a nível nacional, sendo apenas ultrapassada pela licenciatura de Canto Teatral do Conservatório Superior de Música de Gaia (17,2).
Outro dado disponível no Infocursos prende-se com o abandono dos cursos. A nível nacional, 8% dos alunos que, entre 2014/15 e 2015/16, se inscreveram, pela primeira, vez numa licenciatura, após o primeiro ano já não estavam em nenhuma instituição de ensino do País.
No IPLeiria, os cursos com maior abandono no período em análise são Engenharia Civil (36%), Engenharia da Energia e do Ambiente (28%) e Engenharia e Gestão Industrial (19,6%). Pelo contrário, Restauração e Catering e Terapia da Fala registaram a menor taxa de desistência (1,8%), seguida de Biomecânica (1,9).
Coincidência, ou não, as duas licenciaturas do IPLeiria com mais abandono surgem também como aquelas com a maior percentagem de alunos de nacionalidade estrangeira. De acordo com os dados do Infocursos, 28% dos estudantes inscritos em Engenharia da Energia e Ambiente nos anos em análise não são portugueses, enquanto em Engenharia Civil são 16%.
Fernando Silva, subdirector da ESTG, explica a “elevada” percentagem de estudantes estrangeiros naqueles cursos com “ o decréscimo generalizado” de procura por parte de alunos portugueses durante a crise, “relacionado com a redução de investimento na área da construção em Portugal, assim como em áreas conexas, tais como a eficiência energética e a economia circular”.
Um segundo motivo “prende-se com a acção que o Politécnico de Leiria tem vindo a desenvolver no domínio da internacionalização, nomeadamente ao nível de programas internacionais e parcerias com instituições estrangeiras, atraindo, assim, cada vez mais estudantes, não só da Europa, mas também da América Latina e da Ásia”.
Trinta cursos com garantia de emprego
A nível nacional existem, de acordo com os dados do Infocursos, 30 cursos superiores com taxa de desemprego entre os recém-diplomado de 0%. Destes, dez estão no ensino privado e 20 no público.
Em termos gerais, as estatísticas recentemente divulgadas indicam que, em 2017, havia menos diplomados por instituições públicas inscritos no IEFP à procura de trabalho do que no ano anterior, passando de 7,2% para 5,5%. No privado, pelo contrário, registou-se um ligeiro agravamento (de 5,4% para 5,7%).
Consulte dados relativoso ao IP Leiria disponibilizados pelo Infocursos