Se for reeleito, o que fará de diferente em relação ao presente mandato?
A principal razão da minha candidatura é contribuir para que Leiria venha a ser, num futuro próximo, o coração do País.
O que quer dizer com isso?
Leiria tem excelentes condições para ser o ‘órgão’ distribuidor do sangue que corre nos vasos comunicantes do País. Leiria está no centro do País. Tem um tecido económico e social com a pujança que todos conhecemos e com capacidade de inovação e empreendedorismo reconhecida. Tem todas as condições para ter peso político.
O que tem, então, impedido Leiria de ser afirmar politicamente?
Isso tem-se vindo a transformar aos poucos. O distrito tem hoje condições para adquirir peso político. Isso tem-se manifestado não só em algumas realizações do poder local no distrito, com apoio da Administração Central, e que tem reflexos na melhoria das condições de vida das pessoas e das infra-estruturas, como também na forma como o Governo e o principal partido que o sustenta [PS] nos tem vindo a reconhecer. Vamos ser o palco do congresso nacional do PS, o que acontece, pela primeira vez, em 43 anos. Talvez devido ao facto de a estrutura nacional sentir que há, de facto, aqui uma grande união do partido e dos militantes, mas também devido aos resultados das últimas autárquicas. Pela primeira vez, tivemos mais votos do que o PSD (mais 22 mil votos para as câmaras, mais 20 mil para as assembleias municipais e mais 17 mil para as assembleias de freguesia).
Face a esses resultados, esperava ter oposição nestas eleições?
O PS é um partido diverso e plural e eu aceito sempre, com humildade democrática, a diversidade e a pluralidade. A minha é uma candidatura natural, que se apoia nos resultados obtidos, na proximidade aos militantes e no apelo que estes me fizeram para que me recandidatasse. Quem vem de novo é que tem de explicar se vem por divergências de orientação política ou por uma agenda pessoal. Tenho muitas dificuldades em perceber as divergências políticas em função dos resultados obtidos, em termos eleitorais e de melhoria das condições de vida das pessoas.
A leitura que faz é que a outra candidatura vem por “questões de agenda pessoal”?
Com certeza. Não vejo outra razão. Se não há motivos de divergência política para haver outra candidatura, será certamente por uma questão de agenda pessoal, provavelmente para concretizar alguma fantasia. Convidei o outro candidato e diferentes sensibilidades do partido no distrito para integrarem a minha lista. O outro concorrente recusou sem apresentar qualquer motivo de natureza política.
[LER_MAIS] Nos últimos anos nunca foi possível chegar a uma lista única para a federação. Isso é sinal de divisão ou de proactividade do partido?
É sempre sinal de diversidade e de pluralidade do partido. E a prova disso é que, após as disputas internas, o PS de Leiria auto-regena-se e readquire uma força de unidade que lhe tem permitido os resultados eleitorais que tem obtido, umas vezes melhores outras nem tanto. Não vejo divisão, mas antes diversidade e pluralismo, que dá pró-actividade e dinâmica ao partido.
No seio da sua actual equipa, surgiu a perspectiva de João Paulo Pedrosa também concorrer. Isso não aconteceu mas Pereira dos Santos veio falar em “intranquilidade" no seio da federação.
Não há qualquer divisão ou intranquilidade na federação. Há é pessoas que, por questões de agenda pessoal, querem intraquilizar o partido no distrito. Há momentos em que as pessoas podem discutir aspectos que estão menos bem. Isso não significa intranquilidade, mas reajuste de processos e de orientações políticas. Não fiz tudo bem, mas tenho resultados para apresentar e que provam que se fizeram coisas muito boas. As minhas listas integram pessoas que, há quatro anos, foram minhas opositoras. É a prova de que não há intranquilidade.
Como convenceu João Paulo Pedrosa a não avançar?
Não houve promessas. O único compromisso é o de continuarmos a trabalhar em conjunto como já fizemos no passado. O João Paulo Pedrosa é um grande quadro do partido e percebeu que as agendas colectivas devem estar acima das agendas pessoais. Outros não entenderam isso e avançaram para candidaturas próprias.
Caso seja reeleito, quais serão as suas prioridades?
Além da continuidade do trabalho feito, iremos apostar ainda mais na proximidade aos autarcas, aos militantes, às concelhias e à estrutura nacional. Esta candidatura quer também ser um pólo de sustentabilidade em relação ao Governo, mantendo a excelente articulação. Em termos eleitorais haverá dois momentos importantes: as europeias, onde o principal adversário será a abstenção, e, sobretudo, as eleições legislativas.
Acredita que o PS conseguirá ganhar as legislativas no distrito?
Acredito e vou fazer tudo para que isso aconteça. Em função do que tem feito, da boa governação, do trabalho da federação no distrito , do trabalho dos militantes, das excelentes candidaturas que apresentámos a nível autárquico, dos excelentes presidentes de câmara e de Junta que temos, acredito que o PS tem grandes possibilidades de poder vir a ganhar no distrito. O meu compromisso é tentarmos o melhor resultado possível, para contribuirmos para um grande resultado do PS a nível nacional.
Médico e deputado no Parlamento
Natural do Bombarral, António Sales é médico ortopedista e deputado na Assembleia da República. Foi presidente da Assembleia de Freguesia de Leiria e, em 2012, chegou à liderança da concelhia local do PS.
Dois anos depois, concorreu contra José Miguel Medeiros para a presidência da federação, numa eleição muito disputada que envolveu denúncias de irregularidades de parte a parte. A vitória sorriu a António Sales, que, em 2016, se recandidatou. Dessa vez, teve como opositora Odete João, mas voltou a ganhar.
Concorre agora a um terceiro mandato e conta na sua lista com o antigo adversário José Miguel Medeiros e com João Paulo Pedrosa, que chegou a anunciar a intenção de avançar também com uma candidatura.