Leia a primeira parte da entrevista aqui.
Leia a segunda parte da entrevista aqui.
Foi ministro das Finanças e da Educação. Quem manda realmente?
Quem manda no Governo normalmente é o Conselho de Ministros e o primeiro-ministro. É fundamental haver uma partilha e uma compreensão. O rigor económico-financeiro é essencial. Se no domínio da educação temos exigências de qualidade que são prioritárias, numa sociedade com taxas de natalidade baixas e de envelhecimento muito acelerado, vamos ter gastos na saúde cada vez maiores. Não podemos esquecer que grande parte das doenças que eram incuráveis tornaram-se crónicas graças a uma medicamentação extremamente dispendiosa. Mas estamos a salvar pessoas, o que é absolutamente essencial. É indispensável que a sustentabilidade não seja apenas económica e social. Não devemos gastar mais do que podemos nem menos do que devemos e esta é que é a dificuldade. Uma sociedade adulta vai ter de sacrificar alguns domínios para poder salvar vidas, formar melhor as pessoas e não desperdiçar. Quando há corrupção há desperdício, daí a necessidade da prevenção.
A cultura em Portugal está bem divulgada?
Foi feito um inquérito pelo Eurobarómetro, que indicou que os portugueses tinham boa consciência da sua história, mas visitam pouco museus e monumentos e tinham uma participação medíocre quando se lhes pedia para apoiarem acções no domínio da conservação. É fundamental mobilizar os jovens. Terá de ser um ano virado para as escolas, com actividades que lhes permitam perceber o que é o património cultural.
Leiria quer ser Capital Europeia da Cultura. Terá condições para isso?
É um [LER_MAIS] tema sobre o qual não me quero pronunciar. Mas uma candidatura qualquer que ela seja tem de ter uma preocupação: uma relevância na melhoria da qualidade de vida do país no seu todo. Julgo que vai ser um critério fundamental para a escolha da próxima Capital Europeia da Cultura. Todas as candidaturas fechadas sobre si mesmas são candidaturas votadas ao insucesso.
A Fundação Gulbenkian apoia o projecto Ópera na Prisão em Leiria. É uma forma de garantir a igualdade?
É um projecto fantástico, em que dizemos que todos somos valiosos na sociedade, mesmo quando errámos. Este projecto afirma-se na valorização do factor humano, na importância das artes como factor de integração e na necessidade de emancipação de todos. A tal educação ao longo da vida. Alguém que sai da prisão depois de cumprir a sua pena tem direito a continuar com o seu valor próprio, percebendo que o que tem mais valor é o que não tem preço.