Foi performer da banda M’as Foice. Os seus alunos fazem comentários sobre esses tempos?
Há vídeos no youtube e eles sabem sempre, porque há colegas que os mostram e lhes dizem: 'sabes que o teu director ou o teu professor…' Os vídeos nem sequer mostram o que se passava nos anos 80, portanto eles nunca vão saber. Mas é divertido. Acima de tudo, porque acabam por perceber que os professores e as pessoas mais velhas que estão naquela escola também foram jovens e faziam muitas coisas. Mas nunca tivemos nenhuma conversa para além daquilo que era viver naquele tempo. Aquilo passava-se em Coimbra, corríamos o País inteiro, uma tourné com dez concertos por ano. Ouvem a música e depois o dia continua. Abordam-me sempre entre o cuidado e a vontade de saber mais.
Leia aqui a primeira parte da entrevista
A arte sempre esteve na sua vida?
Lembro-me de estar na pré e de me ensinarem a desenhar cavalos. Isto não era arte, era fazer desenhos. Nunca estive propriamente ligado à arte. Não há um ambiente estimulante em Leiria [LER_MAIS] que leve a pensar: 'vou ser artista ou vou ser designer'. Foi uma série de acidentes que me foram aproximando da arte, sendo o último deles ter entrado na Faculdade de Belas-Artes do Porto. Tive Economia no 9.º ano e quando tive que escolher uma área no secundário entusiasmei-me com a arquitectura. Quando foi altura de entrar para a faculdade fui para pintura e só lá é que percebi que o mundo da pintura era muito maior do que aquele que tínhamos aprendido na escola. Também tive a sorte de ter bons professores que me ajudaram a entusiasmar.
Artista sem parar
Artista e professor adjunto na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, do Instituto Politécnico de Leiria, assumiu o cargo de director em 2016, e coordena o LIDA – Laboratório de Investigação em Artes e Design. Nascido em Leiria, tem uma licenciatura em Belas Artes – Pintura, e um Doutoramento em Artes Visuais e Intermedia. É membro fundador do colectivo a9)))), associação com um trabalho de divulgação da arte contemporânea em Leiria, desde 2007, e sempre esteve envolvido com regularidade em actividades artísticas , que divide com o trabalho de investigação. Criou a Fundação Cultural, um colectivo de reflexão em torno da arte e da cidade, e o Anexo, em parceria com O Nariz, do qual produziu exposições de desenho colaborativas e por correio. Foi cronista e desenhador do Jornal de Leiria. “Fui um orgulhoso ocupante da Casa da Reixida.”