O Politécnico de Leiria (IPL) já não é estreante na Formula Student, competição que desafia estudantes do ensino superior a desenhar, desenvolver, construir e conduzir, em provas de automobilismo um veículo pista.
Há mais de uma década que os alunos de vários cursos do estabelecimento de ensino superior formam equipas que se batem, lado a lado, com algumas das melhores universidades técnicas da Europa e do Mundo, para ver quem constrói o melhor bólide de pista e alcança as melhores notas em várias disciplinas, como o marketing, o desenho técnico, orçamentos, promoção, entre outras.
A cada edição, é colocado um novo desafio aos jovens. Para a época de 2021/2022, há uma preocupação com as tecnologias de propulsão do futuro, desenvolvimento de motores de combustão interna mais eficientes e electrificação. A equipa tem duas grandes metas para esta época, explica Henrique Amaral, team leader, da FSIPLeiria, a equipa do Politécnico de Leiria.
“Há a finalização da construção do novo veículo para competir no Verão de 2022, que começou a ser projectado em 2020 com o objectivo de criar um sistema mais eficiente e dinâmico, reduzindo a pegada ecológica através de downsizing do motor e utilização de biocombustíveis.”
E há ainda a conclusão do projecto para um carro de fórmula, totalmente eléctrico, até ao final de 2022.
Mas ainda há outro desafio, mas este é interno. A continuidade da equipa, à medida que uns alunos se formam e seguem a sua vida profissional e outros acabam de chegar.
“Os elementos mais recentes da equipa estão focados na organização e projecto do carro de corrida eléctrico.
Outro foco é a automação do carro de Formula, isto é, estão a ser desenvolvidos projectos de implementação de sistemas de condução autónoma, que permitirão a participação em eventos onde o piloto humano é substituído por um computador.”
A FSIPLEIRIA conta com 31 membros mais antigos e 38 “recrutas”, provenientes da acção de recrutamento efectuada no início deste ano lectivo e que contou com 72 inscrições.
A participação não é exclusiva a cursos de engenharia e tem havido um aumento do interesse dos alunos de áreas como a Gestão, a Contabilidade e Finanças, o Marketing e a Comunicação.
“Os conhecimentos específicos de cada uma têm sido um sucesso na gestão logística e comunicação do projecto, promovendo a interdisciplinaridade e união dos alunos das diversas escolas do Politécnico de Leiria”, sublinha o team leader.
“Determinados componentes no veículo necessitam de ser fabricados com máquinas especializadas e, para tal, é necessário o contacto directo com empresas. Isto proporciona aos estudantes a saí- da do ambiente académico, contactando novas áreas de trabalho e possíveis empregadores.”
O chassis do primeiro carro está finalizado e o sistema de suspensão e rodas estará concluído até final de Dezembro.
“A envolvente do Formula, ou seja, a parte bonita, as carenagens e sistemas aerodinâmicos, ainda não saiu do papel, estando prevista a sua conclusão no início do próximo ano”, prevê Henrique Amaral.
Empresas apoiam equipa
O projecto Formula Student é suportado por uma associação de estudantes (AADLMAssociação Académica de Desportos Motorizados de Leiria), que, por não ter fins lucrativos, necessita de doações para financiar a equipa.
Embora exista alguma instabilidade económica causada pela pandemia, desde 2020 através de doações, o grupo de trabalho tem conseguido adquirir ferramentas especializadas e ter acesso a materiais e serviços de forma gratuita.
“Damos um especial destaque para as empresas de Leiria nossas parceiras, que têm investido no desenvolvimento dos jovens da região através deste tipo de apoios”, refere o team leader, Henrique Amaral.
Além das competências técnicas associadas à aplicação real de conceitos leccionados nos diversos cursos, Henrique refere que a participação numa iniciativa como esta “permite aos alunos adquirir softskills, que serão uma mais-valia no mercado de trabalho”.
“As competências adquiridas são de tal forma significativas que muitas empresas internacionais do sector automóvel tornam a participação no projecto ou noutros semelhantes, num requisito mínimo para determinados cargos”, salienta.
Este é um exercício que tem lugar no mundo académico, mas ao qual não faltam as mesmas dificuldades que se encontrariam no mercado de trabalho.
“A gestão dos recursos humanos é, sem dúvida, a maior dificuldade. Manter a motivação e fluxo de trabalho da equipa é bastante trabalhoso e, certamente, não seria possível sem a ajuda de um conjunto de líderes de departamento que estão a tempo inteiro na gestão do projecto, sacrificando muitas vezes a vida académica e pessoal em prol do objectivo de construir um carro de corrida”, resume o team leader.