Os espeleo-mergulhadores da Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE) realizaram nos últimos dias campanhas de mergulhos de exploração nas extremidades da Gruta dos Moinhos Velhos, nome original das Grutas de Mira de Aire.
Realizados nos pontos mais longínquos da zona não acessível ao público, “figuram entre os mais complexos do ponto de vista logístico, técnico e operacional alguma vez realizados em Portugal”, sublinha a SPE, em comunicado.
Permitiram também a “descoberta de novas galerias neste sistema ímpar de grutas do Maciço Calcário Estremenho” que, neste momento, possui uma rede de mais de 11 km de galerias secas e inundadas.
Entre os dias 18 e 22 de Setembro, Ricardo Constantino e Michael Spah realizaram uma série de mergulhos de exploração a partir da galeria do Rio em direcção a Sul.
Apesar da visibilidade reduzida resultante das chuvas intensas dos dias anteriores, foram capazes de remover a linha-guia de partida das expedições de anos anteriores e colocar mais cerca de 40 metros de nova linha-guia em galerias totalmente inexploradas.
Posteriormente, entre 25 e 29 de Setembro, três outros espeleo-mergulhadores da SPE, Ricardo Constantino, Ricardo Nogueira e Simão Gonçalves, conseguiram realizar um mergulho de exploração no extremo mais longínquo conhecido, do sector Norte da gruta de Moinhos Velhos, o denominado Sifão dos Blocos Brancos.
Para chegar a este ponto de exploração, de 7 a 8 horas de distância em marcha contínua relativamente à zona acessível ao público, a equipa teve de ultrapassar, também em mergulho, o designado Sifão Final, por corresponder ao anterior fim das explorações, adicionando um maior grau de complexidade e desgaste a esta expedição.
O trabalho foi premiado com a descoberta de um poço inundado/subaquático com 10 metros de profundidade, a partir do Sifão dos Blocos Brancos, que continua por uma rampa de areia, típica dos restantes sifões neste sistema de grutas.
Trata-se do “mergulho mais distante desde a entrada de uma gruta alguma vez realizado em Portugal”, assegura a SPE, em comunicado.
Os dados recolhidos pelas equipas de exploração estão a ser compilados e analisados pela SPE para integrar em próxima publicação e, além de contribuírem para o aumento da extensão conhecida deste sistema, permitirão uma melhor compreensão da dinâmica da circulação das águas subterrâneas neste sector do Maciço Calcário Estremenho, um dos maiores aquíferos do País.
Estas novas descobertas vêm acrescentar novos dados à exploração e estudo que a SPE leva a cabo na Gruta dos Moinhos Velhos, de forma continuada, desde a sua descoberta, em 1947.