Volvidos cerca de cinco anos depois do incêndio de 2017, que consumiu grande parte do Pinhal de Leiria, o Estado fez um investimento de 3,6 milhões de euros em cerca de 3.300 hectares.
São cerca de 3,6 milhões de euros de um total de cerca de 9 milhões de investimento que está previsto realizar até 2025, explicou hoje o secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, João Paulo Catarino, depois da reunião do Observatório do Pinhal do Rei, que decorreu no Auditório da Resinagem, na Marinha Grande.
Quanto aos 17 milhões de euros que o Estado arrecadou com o material lenhoso retirado do Pinhal de Leiria, esse montante “não vai ser suficiente, não vai chegar” para todos os investimentos que o Estado terá de fazer nele, frisou.
“Agora não temos é de o gastar todo quando ele não faz falta. Estamos a trabalhar com seres vivos, temos de esperar pelo tempo da natureza”, realçou o governante, informando que já foram plantados “cerca de 1700 hectares de árvores”.
Quanto à limpeza da floresta, João Paulo Catarino explicou que “os matos continuam nas entrelinhas, mas continuam lá por uma opção técnica, para proteger as árvores dos ventos marítimos”.
Assim, “quando tecnicamente se justificar, esses matos serão removidos”. Sendo que, nessa altura, “serão precisos mais milhões para retirar esses matos”, expôs.
Acerca da escolha das espécies que deverão povoar o Pinhal de Leiria¸ o secretário de Estado admitiu que “grande parte das folhosas que foram introduzidas acabaram por secar. Continuamos a fazer essa avaliação nas zonas mais húmidas e a ideia é tentar aumentar áreas de folhosas. Mas é preciso ter consciência de que estamos numa zona arenosa e que não há dúvida que o pinheiro-bravo e o pinheiro-manso são aqueles que melhor se comportam nestas parcelas”.
“É com estas espécies que vamos ter de contar para rearborizar a Mata Nacional de Leiria. As árvores que estão a ser introduzidas são as que têm como proveniência a semente da região”, realçou.
Também Nuno Banza, responsável pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), explicou que “há zonas onde as folhosas são úteis e onde vão vingar”, ainda que “para sítios severos, pobres, arenosos, os pinheiros bravo e manso sejam muitas vezes as únicas árvores que resistem”.
Aurélio Ferreira, presidente da Câmara da Marinha Grande, lamentou a falta de comunicação que existiu nos quatro anos que se seguiram a 2017, mas realçou que esse diálogo tem agora acontecido entre a autarquia e o ICNF e que o instituto tem actuado. “Já não mudamos o passado, vamos olhar para o futuro”, declarou o autarca, para quem o importante é agora que se cumpra o plano de acção estipulado.