A importância da igualdade de género é reconhecida por 97% dos trabalhadores dos municípios do Oeste e 91% afirma não haver discriminação nas autarquias, revelou um estudo divulgado pela Comunidade Intermunicipal.
O estudo elaborado no âmbito do projecto Oeste Mais Igual tem por base cerca de mil inquéritos realizados a colaboradores das autarquias, professores e alunos, gestores de empresas, dirigentes associativos e cidadãos em geral.
Entre os 291 técnicos e dirigentes das autarquias inquiridos, 48,6% de mulheres consideram a igualdade de género muito importante, mas nos homens a percentagem desce para 19,9%.
O mesmo acontece com a conciliação da vida familiar e profissional, considerada muito importante por 62% das mulheres, mas que colhe a mesma importância em 19% dos homens.
Já no que toca à questão sobre se os homens têm mais facilidade em serem promovidos, apenas 1% do género masculino concorda, enquanto nas mulheres a percentagem sobe para 9%, de acordo com o relatório, que dá ainda nota que, 91% do total dos trabalhadores inquiridos nega alguma vez ter sido vítima de discriminação.
Em contexto escolar foram obtidas 295 respostas de docentes, maioritariamente femininas (237), entre as quais 78% dos professores dão muita importância ao tema e 68% dizem já ter constatado situações de discriminação.
A amostra de estudantes envolveu 370 alunos, com predominância masculina (204), sendo que destes 39% de raparigas e 33% de rapazes dão muita importância à igualdade de género.
Porém, 74% dos alunos não tem conhecimento de qualquer programa de promoção da igualdade e apenas 12% sabem da sua existência.
No que toca a gestores de empresas, foram recolhidas 80 respostas (55% de mulheres), sendo que, do universo total, 89% das mulheres e 78% dos homens consideram muito importante a conciliação da vida profissional e pessoal, mas a maioria das empresas não especificou a existência de medidas nesse sentido.
O inquérito aos cidadãos obteve 347 respostas (200 mulheres, 146 homens e um não binário), dos quais 74% considera muito importante a igualdade de género e 92% a conciliação, mas mais de 50% desconhece que a mulher está em desvantagem no mercado de trabalho.
Na região onde há mais mulheres (52%) que homens (48%) no ensino superior, o desemprego afecta 14 em cada 100 mulheres (contra 12 homens) e as primeiras ganham em média menos dois euros que os segundos.
Com base no diagnóstico apresentado, a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) vai avançar com um plano de acção que passam pela criação de um observatório e pela implementação de planos municipais para a igualdade de género nos 12 municípios, anunciou hoje o secretário executivo Paulo Simões.
A CIM pretende ainda “criar uma plataforma com as grandes empresas da região para acompanhamento das políticas públicas” que visam a igualdade de género, situação “mais complexa nas empresas privadas do que no sector público onde pode ser feito por decreto”, afirmou, defendendo também como essencial “a criação de incentivos fiscais e majoração de fundo comunitários” às empresas que promovam a igualdade de género.
O diagnóstico agora apresentado é uma das acções do projecto Oeste Mais Igual, um projecto-piloto que tem como parceiros o Centre for Gender and Equality (Noruega).
O projecto, com um custo total de 249 857,74 euros, é financiado a 100% pelos EEA Grants no âmbito dos projectos para a promoção da igualdade entre mulheres e homens ao nível local.
A OesteCIM é composta pelos concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos, Peniche, do distrito de Leiria, e por Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, do distrito de Lisboa.