A “expansão” dos povoamentos de eucaliptos está a ameaçar a preservação dos núcleos de Leuzea longifolia – uma planta que só existe em Portugal -, que subsistem no Azabucho, em Pousos, Leiria. Foi, aliás, a presença desta espécie que levou à classificação de parte desse território como Rede Natura 2000.
O alerta para o risco que este habitat corre é feito no Plano de Gestão da Zona Especial de Conservação (ZEC) Azabucho/Leiria, que se encontra, de novo, em consulta pública.
O documento, da responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza, aponta a expansão da área de eucaliptal, que “nos últimos anos” tem aumentado “consideravelmente” nesta ZEC, como “a maior ameaça ao habitat da espécie”.
O plano faz, inclusive, uma chamada de atenção para a plantação de manchas de eucalipto [LER_MAIS]“praticamente contíguas à micro-reserva” gerida pela Quercus e que está a proteger uma mancha de Leuzea longifolia.
“Os indivíduos não abrangidos pela micro-reserva estão muito ameaçados pela expansão dos povoamentos florestais intensivos de eucalipto, pela gestão e maneio dos povoamentos florestais adjacentes, assim como pela expansão da erva-das-pampas (Cortaderia selloana)”, pode ler-se no documento, cuja consulta pública decorre até ao dia 12 de Novembro.
Além de identificar as ameaças, o plano de gestão preconiza um conjunto de medidas que visam melhorar o estado de conservação, não só da espécie de Leuzea longifolia, mas também de um outro habitat – charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix – existente no local.
Cortes selectivos de vegetação nas áreas de ocorrência de Leuzea longifolia, reconversão de eucaliptais em povoamentos florestais “compatíveis com o desenvolvimento de urzais higrófilos e de Leuzea longifolia nas áreas nucleares”, e conclusão do processo de aquisição do terreno (microreserva) actualmente gerido pela Quercus são algumas das medidas propostas.
Estão também previstas acções de controlo da espécie exótica Cortaderia selloana e a criação de zonas de protecção contra incêndios “nas áreas nucleares para a conservação dos valores alvo, com plantação de espécies compatíveis e resilientes ao fogo”.
No plano de gestão sugere-se ainda a criação de um percurso pedestre interpretativo na micro-reserva para “visitas orientadas”, bem como o estudo da “biologia reprodutiva e os métodos de propagação de Leuzea longifolia”, de forma a definir um programa para “promover o aumento da população da espécie”.