Apesar do desinvestimento de alguns grupos na produção de cannabis medicinal no País, no distrito de Leiria mantêm-se os projectos para a implementação de fábricas desta natureza. Em Caldas da Rainha, o projecto da Aldeia Cannabis segue a todo o vapor na Zona Industrial de Santa Catarina. Já em Figueiró dos Vinhos, a unidade produtiva da Emeraldestiny deverá começar a laborar ainda no primeiro semestre deste ano.
No mês passado, numa nota de imprensa enviada à Lusa, a empresa canadiana Tilray, que inaugurou em 2019 a sua fábrica de produção de cannabis medicinal em Cantanhede, e empregava cerca de 200 trabalhadores, anunciou que iria dispensar 49 colaboradores.
“O processo de redimensionamento está ligado à necessidade de adaptar a dimensão da empresa às verdadeiras dimensões do mercado, que se esperava que fosse maior (internacionalmente) neste momento. Assim, a empresa teve que reduzir a sua dimensão e custos, por forma a estar em linha com o mercado actual”, justificava fonte oficial da Tilray, que opera sobretudo com mercado externo.
Também no mês passado, quatro anos depois de ter chegado a Portugal, onde tem estufas em Odemira e uma unidade de transformação em Setúbal, a colombiana Clever Leaves anunciou o encerramento de todas as operações no País. Passará a produzir exclusivamente na Colômbia, onde encontra “baixos custos de mão-de-obra” e “clima agrícola ideal”.
Em contraciclo, a Emeraldestiny deverá arrancar com a produção de cannabis medicinal em Figueiró dos Vinhos ainda durante o primeiro semestre de 2023. Faltam terminar ainda algumas obras, às quais se sucederá a chegada das plantas e a respectiva inspecção do Infarmed, adianta ao nosso[LER_MAIS] jornal Carla Simões, directora de Recursos Humanos desta empresa, que está em processo de recrutamento de colaboradores. Encontrar técnicos qualificados tem sido um desafio, partilha a responsável.
Com investidores canadianos e ingleses, esta empresa, sediada em Figueiró dos Vinhos, deverá empregar numa primeira fase 34 colaboradores, mas as expetactivas são de que possam contratar, nos primeiros cinco anos, cerca de 120 pessoas.
Em causa está um investimento de cerca de 12 milhões de euros numa unidade produtiva com área bruta superior a dois mil metros quadrados, “numa zona central em relação a Lisboa e Porto, com boas acessibilidades, junto à A13, que é favorecida pelo clima e pela quantidade de água disponível”, justifica a directora.
A produção terá como destino o mercado internacional, sobretudo Malta, República Checa, Polónia e Alemanha. O projecto irá desenvolver-se por fases, também para perceber o comportamento do mercado e evitar as surpresas que já ditaram o retrocesso de outros negócios do género no País, nota Carla Simões.
Já em Caldas da Rainha avança a bom ritmo a unidade dedicada à produção de cannabis medicinal, conta Joaquim Beato, vice- presidente da autarquia.
Trata-se de um investimento de cerca de 20 milhões de euros, que incluirá áreas de produção, de laboratório e de transformação, que deverá empregar, numa fase inicial, mais de 70 pessoas.
Exportar para o mercado europeu e canadiano é o objectivo do investidor, que esteve emigrado no Canadá e que avança agora com o projecto Aldeia Cannabis na sua terra natal.