“A máquina do Estado não funciona, o que impede as empresas de progredir e de criar valor”.
O lamento é de Sónia Calado, administradora da DRT, que no jantar-conferência que assinalou os 37 anos da Nerlei, na semana passada, explicou que a nova unidade do grupo está desde Março à espera que a electricidade seja ligada.
A nova fábrica de injecção de plásticos foi um investimento de oito milhões de euros e situa-se na zona industrial da Cova das Faias (Zicofa), em Leiria.
Para poder ligar as máquinas, a empresa tem sido obrigada a recorrer a um gerador, que lhe custa sete mil euros mensais, a que acrescem mil euros diários de gasóleo. Isto para conseguir trabalhar oito horas por dia.
Além deste problema, nas palavras que dirigou ao ministro da Economia Sónia Calado lamentou a lentidão no reembolso dos incentivos a que as empresas têm direito, dizendo que tem pedidos com mais de um ano.
Queixou-se ainda que as linhas de capitalização têm muitas limitações e não funcionam.
António Costa Silva admitiu que são “recorrentes as queixas” sobre a dificuldade em conseguir as ligações eléctricas e admitiu que é preciso um Estado “mais ágil e muito mais moderno”.
Além de que “devia ser um bom pagador, e não um mau pagador”.
O período de debate foi também aproveitado por Joaquim Paulo Conceição, CEO do Grupo NOV, para lamentar que tenhamos um Estado “a duas velocidades”.
Enquanto em matéria fiscal “é um dos mais eficazes do mundo”, noutras continua a ter muitas deficiências.
Por outro lado, a carga fiscal “é um obstáculo à competitividade” das empresas, o que levou o gestor a questionar quando é que os impostos descem para que as empresas possam aumentar os seus resultados e pagar melhores salários.
O ministro reconheceu que o Estado funciona a duas velocidades e que “temos de caminhar no sentido de reduzir a carga fiscal das empresas”.