O cluster do mobiliário e afins, que inclui indústrias como o mobiliário, colchoaria, têxteis-lar, cutelaria, cerâmica, iluminação e tapeçaria, alcançou cerca de 2 mil milhões de euros em vendas ao exterior, entre Janeiro e Dezembro de 2022, realça a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA).
De acordo com a APIMA, estes valores superaram em 12% os que foram registados no período homólogo e em 8% os números de 2019, cujo recorde é agora ultrapassado. Na região de Leiria, os fabricantes de mobiliário também partilham com o nosso jornal números de crescimento no mercado externo.
Cesário Simões, director industrial da Sildoor, explica que a empresa de Leiria registou um bom ano em termos globais, com um aumento das exportações de cerca de 20%. Europa (sobretudo França, mas também Suíça e Luxemburgo) e Angola estão entre os principais mercados. A empresa foi [LER_MAIS]constituída em 1999, dedica-se ao fabrico de mobiliário diverso (roupeiros, cozinhas, portas e aros), emprega 60 pessoas, tendo alcançado em 2022 um volume de negócios de cerca de 4 milhões de euros.
“Tentamos ter modelos actualizados, com materiais novos. Não é o produto mais barato do mercado, porque prima pela qualidade e diferenciação. Temos um gabinete com várias pessoas a criar tudo por medida”, refere Cesário Simões. A empresa consegue oferecer soluções a um nicho de mercado, que no próximo ano ainda deverá crescer mais a nível internacional, acredita o director industrial.
José Coutinho, sócio-gerente da Famac, indústria de mobiliário localizada em Pataias, no concelho de Alcobaça, também refere que a empresa registou no ano passado um crescimento de 10%, em termos gerais, face a 2021.
A Famac foi fundada em 1988, tem 22 colaboradores e trabalha sobretudo para o mercado interno (90%), embora note que o mercado internacional também se tem expandido, com clientes em Espanha, França e Angola. O empresário justifica o crescimento do negócio com a preocupação em criar sempre modelos novos e em apostar na prospecção dos mercados.
José Armando é gerente da MSilva, empresa de Ourém, fundada em 1981 e que conta actualmente com dez colaboradores. Explica que, nos últimos anos, devido à quebra da procura no mercado nacional e à forte concorrência de cadeias internacionais que disponibilizam mobiliário pronto a montar, desapareceram várias fábricas de mobiliário desta região. Conta ainda que, quem continua a trabalhar por cá, fá-lo à custa de esmagamento de margens.
Por isso, para muitos fabricantes, a solução tem sido reforçar a presença no mercado internacional. No caso da MSilva, cerca de 90% da produção já é canalizada para o estrangeiro (França e Suíça), onde a empresa trabalha no sector da habitação e dos escritórios.
Operar no mercado externo também tem os seus constrangimentos. Além da qualidade, estes mercados são exigentes no cumprimento de prazos e toda a logística associada fica dispendiosa, observa o gerente.
Procurar segmentos alternativos e apostar em produtos de maior valor acrescentado tem de ser o caminho, entende o empresário. Refere que 2022 não foi tão bom quanto 2021, mas tratou-se de um abrandamento motivado por um acidente laboral, que travou o departamento comercial. Mas, ultrapassada a situação, o arranque de 2023 não está a correr nada mal, congratula-se o gerente.
Resultados de 2023 podem ser ainda melhores, antevê sector