Foi há 45 anos que a Escola de Enfermagem, sob a alçada do Ministério da Educação, começou a leccionar o curso de auxiliar de enfermagem. Anos depois passou a curso geral de enfermagem, bacharelato e licenciatura. “Em 2001 fizemos a integração no Politécnico de Leiria, mas só em 2005 é que houve a transformação em Escola Superior de Saúde, o que permitiu que o novo projecto educativo se abrisse a outras especialidades, como a fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, dietética e nutrição”, conta Clarisse Louro, directora da Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLei).
“Foram 45 anos de lutas, de conquistas, de muito trabalho, mas também de construção e vitórias”, sublinha, afirmando que o crescimento tem sido notório “não só na parte lectiva como na investigação”.
Continuar a crescer é um objectivo, mas Clarisse Louro lamenta que não seja fácil. “Precisamos de espaço físico. Já não tenho espaço para os alunos que cá estão. Todos os dias ouço reclamações dos professores: não têm sala ou os estudantes não cabem lá. Temos muitas aulas na Escola Superior de Tecnologia e Gestão e não há gabinetes onde colocar os docentes. Por muito que quiséssemos fazer mais licenciaturas ou Cursos Técnicos Superiores Profissionais não temos capacidade para receber mais alunos”, reforça a responsável.
As licenciaturas da ESSLei incluem ensino clínico prático desde os primeiros anos. Também esta particularidade é limitativa. “Os serviços não suportam um número elevado de alunos em ensino clínico. Temos estudantes espalhados por todo o País e há dificuldade em encontrar serviços que os recebam. Se tivermos ainda mais alunos não temos onde colocá-los”, revela Clarisse Louro.
Da enfermagem para a saúde
A directora da ESSLei considera que o ponto de viragem da escola foi a integração no Politécnico de Leiria, em 2001, o que deu uma “visibilidade diferente” e uma oportunidade da saúde se encontrar com “outros saberes, dada a diversidade das escolas do Politécnico”.
Outro marco foi a “transformação da Escola de Enfermagem em Escola de Saúde, em 2005, porque deu oportunidade de trabalhar as várias áreas da saúde”.
Esta mudança afirmou a ESSLei “enquanto escola de saúde nas diversas áreas do conhecimento”, permitindo “desenvolver melhor investigação” e permitiu a criação de uma unidade de investigação em saúde, coordenada [LER_MAIS] pela professora Maria dos Anjos Dixe. “A projecção e a investigação desta unidade, permitiu à escola um desenvolvimento muito grande.”
“Todos os cursos têm uma área específica de investigação direccionada às boas práticas da sua área. Depois temos a investigação que é feita ao nível do ciTechCare. Esta é uma unidade de investigação, desenvolvimento e inovação, que pretende gerar soluções diferenciadoras para a promoção de estilos de vida saudáveis para melhorar a prestação de cuidados aos utentes com doenças crónicas e seus cuidadores”, informa Clarisse Louro.
Para não travar o crescimento da investigação, a ESSLei volta a ocupar o campus 5 – edifício junto ao hospital de Leiria – onde está a ser criado o Centro Académico Clínico, que irá entrar em funcionamento “ainda este ano lectivo”. “Já está tudo a ser organizado. Submetemos esta unidade de investigação à acreditação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia [FCT].”
“A sua visão baseia-se numa colaboração multidisciplinar e interprofissional, criada para oferecer soluções rápidas e eficientes para a melhoria da saúde das populações, para a prevenção da doença e para as dificuldades que utentes, cuidadores e profissionais de saúde enfrentam diariamente”, diz a directora da ESSLei.
O ciTechCare “irá ajudar a dar visibilidade aos cursos e irá contribuir para a melhoria dos cuidados de saúde à comunidade”, garante, ao realçar o trabalho de uma equipa de 68 investigadores, que pertencem à ESSLei, Centro Hospitalar de Leiria, Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral e indústria.
A responsável salienta que a escola não pretende “sobrepôr-se ao que fazem os centros de saúde ou os hospitais”. O objectivo é “investigar para as práticas de excelência nas diferentes áreas, para que depois sejam desenvolvidas no âmbito do cuidar”.
Uma das filosofias da ESSLei é a humanização. “Uma escola de saúde tem que estar envolvida numa filosofia humanista imensa. Se não cuidarmos bem dos alunos eles não vão cuidar bem dos outros. Ensinamos profissionais a cuidar de pessoas fragilizadas e doentes. Se durante estes quatro anos não os ajudarmos a desenvolver este projecto não temos uma escola de excelência. Esta é uma escola de cuida dos seus estudantes.”