Passar a noite da Consoada e o almoço de Natal num hotel tornou- -se uma opção para muitas famílias, que preferem não ter trabalho com os preparativos das refeições, para poderem usufruir do tempo na companhia dos que lhe são mais próximos.
Na região, a taxa de ocupação das salas de refeições, nesta quadra, situa-se entre os 50 e os 80%, mas a convicção é que ainda vai aumentar até ao fim-de-semana. Os preços oscilam entre 39 e 55 euros por pessoa.
Paulo Coutinho, 56 anos, empresário da Marinha Grande, tem a tradição de passar o almoço de dia 25 com a família no Hotel Mar e Sol, em S. Pedro de Moel, há vários anos. O grupo pode variar entre 12 e 20 pessoas, e abrange quatro gerações: os pais e a sogra, ele e a mulher, os quatro filhos e os netos. “A intenção é que todos estejamos à mesa, a contar as histórias do nosso ano, e que não haja ninguém preocupado com a logística das compras ou a levantar-se da mesa para ir buscar o vinho, a comida ao forno, ou a pôr a loiça na máquina.”
“Conseguimos estar todos juntos, reunidos à volta da mesa, livres e tranquilos, num ambiente familiar e com uma vista fantástica” [em frente ao mar], explica Paulo Coutinho.
Além disso, refere que como o almoço de Natal é buffet, cada um escolhe o prato que quer, sem a imposição de ementas que nem sempre agradam. O empresário considera, por isso, que pagar mais de 40 euros por pessoa compensa. “Não encaro com uma questão económica. Posso ter a mesma qualidade em casa, mas valorizo bastante não haver pressão.”
O Hotel Mar e Sol serve almoços de Natal desde 1966, à excepção do período da pandemia. “As pessoas vivem em vários pontos do País e querem reunir-se”, explica Bruno Ferreira, director.
“Outros, procuram-nos por comodidade, porque há casas que não comportam muita gente à mesa, e por ser um dia especial”, justifica. “Dão mais valor ao tempo juntas, em vez de estar alguém sozinho a cozinhar.”
Inflação não afecta procura
Na segunda-feira, as reservas para o almoço de dia 25 iam em 80% da capacidade da sala, mas Bruno Ferreira acredita que a procura vai aumentar até lá, porque “há pessoas que marcam na véspera”. Os grupos familiares costumam ter entre 20 e 30 elementos. Cada um paga 40 euros, com bebidas à parte.
O director do Mar e Sol garante que a inflação e o aumento do custo de vida não afectou a procura, que tem sido crescente. Residente em Lisboa, Teresa Ribeiro, 68 anos, vai passar a noite da Consoada e o almoço de Natal no Hotel Villa Batalha, pela primeira vez.
Nos quatro anos anteriores, ela, o marido e o filho, engenheiro informático na Bélgica, escolheram unidades hoteleiras no Douro (duas vezes), em Sesimbra e em Penela. “Vamos rodando, para irmos conhecendo vários sítios”, revela. A opção por esta solução foi tomada para evitar que a investigadora tivesse trabalho.
“Assim, estamos descontraídos e contribuímos para a economia”, observa. “Determinámos que não damos presentes uns aos outros. A prenda é passar o Natal fora de casa.”
Dia diferente com conforto
Tiago Gomes, director do Hotel Villa Batalha, confirma que os motivos que levam os clientes a optar pelo pacote que inclui o jantar da Consoada, uma ceia, e o almoço de Natal é passarem “uns dias diferentes, num sítio com conforto, em que não tenham trabalho e possam aproveitar a família”.
Além disso, refere que as casas nem sempre têm dimensão para juntar muita gente, sobretudo quando são 24 pessoas, como vai suceder este ano, num dos grupos. Na segunda- feira, a taxa de ocupação era de 50%, mas Tiago Gomes está confiante que ainda haja “algum crescimento”.
O jantar da Consoada custa 55 euros e o almoço de Natal 44,5 euros, mas as bebidas estão incluídas. Provenientes de vários pontos do País, os clientes do Villa Batalha, habitualmente, optam por reservar também alojamento. Os grupos têm, no mínimo, seis a oito pessoas, do segmento médio alto, e alguns são presença habitual nesta quadra.
Famílias de fora
A unidade hoteleira disponibiliza ainda espaços mais reservados, caso as famílias queiram trocar os presentes de uma forma mais reservada. No Hotel Tryp Leiria, a procura pela Consoada foi retomada, após dois anos de pandemia.
“O nosso restaurante dispõe de 35 lugares, e a taxa de reserva é de cerca de 60% [segunda-feira], mas é expectável que ainda surjam pedidos durante esta semana”, acredita João Pacheco, assistente de direcção.
Metade das marcações foi feita por pessoas de fora, que irão pernoitar na unidade hoteleira. O valor do buffet da Consoada é de 39 euros por pessoa, e é procurado por “famílias, em média, de seis pessoas, e por casais, da classe média e média alta”, que optam por esta solução pela “comodidade de não terem de cozinhar”.