O que o motiva a ser candidato à Câmara de Leiria?
Sinto-me novo para me reformar e com os ideais de autarca bem vivos. É altura de dar um contributo para que Leiria, terra onde nasci e tenho família, melhore. Leiria está mal governada. Tem grandes potencialidades que não estão a ser aproveitadas.
Quais considera os principais “pecados” dos executivos socialistas?
Alguns erros são anteriores. O estádio foi uma opção duvidosa. Não a quis nas Caldas. Mas o estádio não pode justificar a inércia desta Câmara. Há problemas que já podiam ter sido resolvidos e alguns não o foram porque a maioria socialista não quer, para poder ter argumentos contra o PSD e contra Isabel Damasceno.
Quer exemplificar?
O caso dos campos de ténis, por exemplo. O executivo de Isabel Damasceno deixou o assunto encaminhado, mas esta Câmara não o quer resolver. O topo Norte é outro exemplo. Um mandato chegava para arrumar o assunto. Não vejo o presidente da Câmara envolvido em nenhuma causa importante para o concelho e para a região, como a Linha do Oeste, o aeroporto de Monte Real ou a criação de uma universidade técnica. O presidente de Câmara tem de estar na linha da frente a defender os interesses dos munícipes e a reivindicar junto do Governo a resolução dos problemas. Raul Castro é um presidente cómodo, que não gosta de criar ondas. Quer estar de bem com Deus e com o diabo. E depois não resolve os problemas.
Caso seja eleito, que tipo de presidência exercerá?
Serei muito mais reivindicativo e mais presente em Leiria e nas freguesias. Serei um presidente de terreno, idêntico ao que fui nas Caldas. Leiria precisa de alguém que ajude a resolver os grandes problemas, não só aqueles que dizem respeito à Câmara, mas também os que são da responsabilidade do Governo. O Governo não pode vir aqui só para lançar ideias e fazer elogios e, depois, não fazer o que lhe compete.
Na recente academia de jovens autarcas, realizada em Leiria, disse que, se vencer as eleições, uma das prioridades será impor “rigor nos gastos municipais”. O que diz contraria as contas do município.
As contas do município seriam tão boas como a maioria apregoa se os impostos e taxas fossem baixos, como são na Batalha, Pombal ou Caldas da Rainha. Aqui, as pessoas pagam, em média, mais 25% de IMI do que naqueles concelhos. A derrama e o IRS estão no máximo e as taxas de urbanismo e a factura da água são pesadíssimas. O senhor presidente da Câmara parece mais um funcionário das Finanças a cobrar impostos e a sacar dinheiro às pessoas do que o líder de um município, que deve ter em conta que as pessoas estão exauridas. A Câmara não fez obras em 2014, 2015 e 2016. Ficaram para 2017.
O presidente tem justificado essa situação com o atraso dos fundos comunitários.
O presidente falta à verdade. Se assim fosse, os 38 milhões de saldo de gerência iriam, na revisão orçamental, para as obras co-financiadas e não foram. Parte significativa dessa verba é para obras sem apoios comunitários. Ainda sobre o IMI, é falso quando o presidente diz que Leiria pratica uma taxa abaixo da média nacional. Há 144 municípios que aplicam o mínimo, ou seja, abaixo de Leiria. Estranho que na Assembleia Municipal não haja quem o desminta. Como se pode ter um saldo de 38 milhões euros? Muita obra ficou por fazer em anos anteriores. Isto é uma gestão ruinosa.
Acha que Leiria não está a aplicar bem o dinheiro?
Há exemplos disso. A Câmara comprou edifício O Paço por 4,1 milhões de euros, com base numa única avaliação que apontou um valor de 4,5 milhões. Aposto com quem quiser que ninguém dava hoje mais de 3,5 milhões, porque os edifícios destinados a comércio desvalorizaram bastante. A compra do edifício O Paço foi um mau negócio para a Câmara, embora considere que o destino – Loja do Cidadão – seja razoável.
Não compraria o edifício O Paço?
Admitiria comprá-lo, mas nunca por mais do que três milhões de euros. Tenho um estudo segundo o qual, comercialmente, aquele edifício não vale mais do que 2,5 milhões. A aquisição feita pela Câmara por aquele valor foi um 'euromilhões' para os donos do edifício. Tem saído a sorte grande a outras pessoas, como aos donos da Quinta Portela, dado o volume de construção permitido para o local. É inadmissível que aí se possa construir até nove pisos e com 80% de área de ocupação possível.
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