O Festival de Setembro está de volta à vila medieval de Ourém. Depois de um interregno de seis anos, devido às obras no Castelo e à pandemia, o evento regressa nos dias 8, 9 e 10 de Setembro, com música, literatura, cinema, artes perfomativas, gastronomia, exposições e conferências. Aline Frazão, Selma Uamusse e Luca Alger, artistas oriundos de Angola, Moçambique e Brasil, respectivamente, são os cabeças-de-cartaz do programa musical.
Subordinado ao tema Nós Migrantes, a edição deste ano do festival inspira-se “nas vivências e experiências dos emigrantes oureenses, no passado e no presente, nas relações sociais e de cooperação que tão bem têm sabido manter com outros povos ao longo da história, e nos ganhos culturais, sociais e económicos, que as conquistas em diáspora têm proporcionado a este concelho”, explica Luís Albuquerque, presidente da Câmara de Ourém, entidade que organiza o evento.
Ao longo de três dias, o programa integrará iniciativas culturais, de divulgação científica e de lazer, como conferências, exposições, concertos, teatro, visitas ao património cultural, literatura, cinema, instalações artísticas e artesanato. Haverá ainda espaços de degustação de gastronomia inspirada em cinco países de destino da emigração oureense: França, Inglaterra, Brasil, Angola e Moçambique.
As comunidades imigrantes presentes no concelho terão também um espaço para “mostrarem a sua gastronomia e artesanato”, avança Isabel Costa, vereadora da Cultura. Durante a conferência de imprensa de apresentação do evento, que teve lugar esta segunda-feira, a autarca salientou ainda o envolvimento da diáspora oureense, através de uma recolha de objectos com significado “especial” na sua experiência de emigração, que serão exibidos durante o evento acompanhados de testemunhos em texto, e da partilha de vivências feitas em conferências ou momentos de conversa mais informais.
Além dos concertos de Aline Frazão, Selma Uamusse e Luca Argel, o programa inclui o espectáculo teatral O descanso da tua voz, onde “é proposto um encontro entre os actores e os espectadores, e a peça Une Histoire Bizarre, um teatro com migrantes de oito países diferentes, “sobre partir, chegar, esperar e reconstruir”.
Nas manhãs de sábado, dia 9, e de domingo, dia 10, estarão disponíveis várias iniciativas direccionadas às famílias, como a “hora do conto” e ainda um encontro com Marta Pinto, autora do livro Emigração. Que palavra esquisita!, e o espectáculo Sopa de Jerimu, que termina com a confecção de uma sopa.
O cinema marca também presença no festival. Great Yarmouth, de Marco Martins, e Je suis partout et nulle part à la fois, de Amandine Desille, são dois dos filmes a exibir, sendo que a realizadora do último marcará presença no festival para uma conferência.
“Este festival parte da identidade de Ourém, reflectida no seu Castelo e no seu centro histórico para, em ambiente de festa e por via da fruição cultural, abordar a relação entre o património cultural, a história do lugar e o diálogo entre povos e culturas”, salienta Luís Albuquerque, que acredita que, neste seu regresso após uma paragem de seis anos, o evento terá uma participação “suficiente para dar alento à sua continuação”.
O autarca destaca o carácter “diferenciador” do festival, pensando para “envolver todos, sem excepção, na sua preparação e fruição, desde os mais novos aos mais velhos, colectividades, entidades económicas, culturais e sociais, instituições e pessoas individuais, residentes, emigrantes e visitantes”.