O sector da resina foi o primeiro a receber verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que ainda em Dezembro pagou 99 mil euros à Resipinus no âmbito do programa Resineiros Vigilantes, resultado do protocolo estabelecido entre esta e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
Hilário Costa, presidente da associação de Leiria, explica que esta verba se destina a pagar o serviço prestado em várias florestas do país durante 2021.
O protocolo estabelece o pagamento de 50 euros por resineiro nos dias úteis e de 100 euros ao fim-de-semana e feriados, até 55 dias de serviço público por equipa de três resineiros.
Mas a ‘bazuca’ tem mais dinheiro para a fileira da resina. São no total 33 milhões de euros, para fomentar a produção da resina, desenvolver o pinheiro-bravo e as técnicas de resinagem ou apostar na investigação para fazer chegar novos produtos ao mercado.
Incluídos naquela verba estão também os cerca de 350 mil euros previstos para a criação da Academia do Resineiro, na Marinha Grande.
“Dos 33 milhões, cerca de 15,5 milhões destinam-se à produção e o restante à indústria”, explica ao JORNAL DE LEIRIA o dirigente e empresário, que considera que esta é uma grande oportunidade para a fileira.
“Todos os incentivos à resinagem têm vantagens para o país”, diz o também gerente da Costa & Irmãos, empresa de primeira transformação com fábrica em Pombal.
A produção de resina em Portugal não tem subido e as empresas vêem-se obrigadas a importar matéria-prima.
De acordo com o presidente da Associação de Destiladores e Exploradores de Resina, que desde 2013 tem lutado pela dinamização e crescimento do sector, as importações (resina em bruto e colofónia) rondarão as 80 mil toneladas. Portugal tem extraído apenas cerca de sete mil toneladas de resina.
A última nota informativa do ICNF, com dados actualizados a Outubro do ano passado, fala numa produção média de resina, em 2020, de 6.310 toneladas, equivalendo a quase sete milhões de euros em termos económicos (preço médio à entrada da fábrica de 1,11 €/kg).
Montante que o empresário de Leiria garante ser superior, à volta dos 13 milhões de euros, no ano passado. “As estatísticas nem sempre traduzem a realidade”, lamenta.
A mesma nota reporta a existência de um total de 286 operadores de resina registados no SiResin, que podem exercer uma ou mais das actividades abrangidas pelo diploma legal (extração, transporte, armazenamento, primeira transformação, importação e exportação).
O maior número de operadores registados localiza-se no distrito de Leiria (74), seguido pelos distritos de Setúbal e Coimbra (32 cada).
O nosso distrito acolhe a maioria das empresas de primeira transformação (que são seis no País) e duas das de segunda transformação.
Segundo a nota do ICNF, de acordo com os registos do SiResin Leiria é o concelho com maior quantidade de resina extraída.
Considerando os anos de 2016 a 2021, foram 3.528 toneladas. Pombal é o terceiro concelho com mais extracção (2.556 toneladas).
No top ten dos concelhos com maior quantidade de resina extraída surgem ainda Nazaré (1.817 toneladas), Alcobaça (1.388) e Marinha Grande (885 toneladas).
No total, no período 2016-2021, estes cinco concelhos extraíram 10.174 toneladas, ou seja, mais de metade (57%) das 17.782 toneladas extraídas pelos dez concelhos com maior produção.
Em todos aqueles concelhos do distrito a extracção caiu depois de 2017.
Em Leiria, por exemplo, neste ano foram extraídas 1.231 toneladas, no ano seguinte foram apenas 418; em 2019 foram 323 toneladas, número que caiu para 257 em 2020 e para 310 toneladas em 2021.
“Muitos pinhais arderam”, lembra Hilário Costa, apontando esta como uma das causas para não se conseguir aumentar a extracção de resina.
A outra é a falta de mão-de-obra, já que os jovens não se sentem atraídos pela actividade.