Foi em Peniche, onde nasceu e passou a infância, que Susana Alexandre descobriu o prazer da fotografia, quando desaparecia “por umas horas” com a máquina da mãe. Mas, só muitos anos mais tarde, já em França, onde vive há 27 anos, se atreveu a mostrar ao público o seu trabalho.
A sua primeira exposição aconteceu em 2013, em Paris, 'empurrada' pelo apoio e incentivo do ex-cônsul Geral de Portugal na capital francesa, Pedro Lourtie. A última mostra, intitulada 119, aborda a violência sexual sobre as crianças.
Em 119, Susana Alexandre chama a atenção para este tipo de comportamento da sociedade e, ao mesmo tempo, ajuda a divulgar a linha telefónica que, em França, é usada para a denúncia de casos de violência sobre menores.
Depois de, no ano passado, ter estado patente no Salão de Fotografia Contemporânea de Paris, a autora quer levar o trabalho a outros espaços, porque, diz, tratase de uma série com “mensagem” e com “informação”.
“Todos os trabalhos são únicos, pois resultam em séries diferentes. Cada um deles foi de um pouco de mim que dei. Mas, se tivesse de escolher o que mais me marcou, diria a última série – 119- que fala sobre a violência sexual sobre crianças”, confessa a fotografa, de 43 anos, que já expôs nos consulados de Portugal em Paris e Hamburgo (Alemanha) e em Paris – La Défense (o maior centro financeiro da capital de França).
Em Portugal, o trabalho de Susana Alexandre já esteve patente na Assembleia da República, na Fortaleza de Peniche e no Museu de Espinho, entre outros espaços.
Para perceber a ligação de Susana Alexandre à fotografia é preciso recuar à sua infância, vivida em Peniche. “Sempre me conheci com ligação à fotografia. Desde muito pequena que fazia 'desaparecer' a máquina da minha mãe durante umas horas para poder fotografar. Claro que ela me ralhava muito, porque a máquina era só para momentos especiais”, conta ao JORNAL DE LEIRIA.
[LER_MAIS] Dos tempos passados em Peniche, onde viveu até aos nove anos, Susana Alexandre guarda “memórias magníficas” do mar. Foi com ele que, diz, aprendeu a “arte de ser rebelde”. O mar voltaria a fazer parte da sua vida, quando passou a viver com o pai nos Açores.
Passaria depois um ano nos Estados Unidos da América, antes de voltar a Peniche. Seria, no entanto, um curto regresso. Um ano depois, emigra, com a mãe, para França, radicando-se em Paris. Na 'Cidade luz', começou por fazer limpezas. Fê-lo durante quatro anos.
Depois trabalhou como secretária e chegou a ter um restaurante. “A arte seguia-me diariamente. Não estava completa com o que fazia”, confessa. Enquanto procurava o seu caminho, a máquina fotográfica tornou- se um “fiel companheiro”, que a acompanhava sempre. Em 2012, decidiu pôr a sua “arte na rua”, através da fotografia analógica.
A sua primeira exposição aconteceu um ano depois e, hoje, Susana Alexandre vive apenas da fotografia e da pintura, uma paixão que descobriu mais recentemente, para preencher os seus “vazios fotográficos”.
Também se dedica agora à escultura, embora reconheça que nesta área é mais “reservada” e reticente em mostrar o seu trabalho. Na fotografia, Susana Alexandre gosta sobretudo de captar instantâneos, capturando “momentos e situações”.
“Esta arte tem a magia de parar o tempo e imortalizar o presente, dando ao mesmo tempo um toque poético e um convite à reflexão”, pode ler-se no seu site oficial, onde a fotógrafa descreve as suas fotos como “uma extensão” do seus olhos, à qual procura dar “um olhar original a tudo” o que a rodeia.