Faltam poucos minutos para as 8:30 horas e, com o Jardim da Almuinha Grande como cenário e o castelo e estádio de Leiria como pano de fundo, Francisco segue as orientações de Filipa.
De máscara florida e ao som de uma música estimulante, o engenheiro electrotécnico e director comercial, aproveita para melhorar a condição física, após dois meses de confinamento, devido à pandemia de Covid-19.
Os movimentos e exercícios de Pilatos Autêntico captam a atenção de algumas pessoas que fazem passeios e exercícios matinais ou seguem para o local de trabalho. Mas ninguém estranha a presença de ambos. Ao ar livre, duas vezes por semana, durante 30 minutos em cada sessão, antes do trabalho, inicia assim o dia, liberta-se do stress e melhora a condição física.
Ainda não há uma data para a reabertura dos ginásios, embora a Associação de Ginásios e Academias de Portugal (AGAP), após uma reunião na terça-feira com a DGS, tenha pedido par a ela acontecer no dia 1 de Junho. Até lá, a DGS permite aulas ao ar livre acompanhadas, com um limite de cinco pessoas por instrutor, como uma das soluções para quem não quer perder a forma.
Filipa Lagoa, coach [instrutora] no ginásio Phive, de Leiria, explica que o espaço garante a realização de actividade física na rua, com todas as condições de segurança asseguradas. Com o início do desconfinamento, os coach iniciaram esta nova modalidade: os treinos outdoor.
“Até agora, praticávamos coaching online, porém, agora que temos outras condições, começámos treinos na rua”, explica Filipa. O Jardim da Almuínha Grande revelou-se a localização ideal para a actividade física orientada fora de portas.
É espaçoso e fica perto do ginásio, além de ter estacionamento e relevo urbano que pode ser utilizado numa multitude de exercícios físicos. Não é, por isso, surpresa que outros técnicos e praticantes também o escolham, embora, hoje, talvez pelo adiantado da hora, apenas se consiga ver Filipa e Francisco.
As aulas são feitas diariamente e por marcação.
“Situação dramática”
José Carlos Reis, presidente da AGAP, anuncia que, até ao final desta semana, os ginásios receberão um documento da DGS com todas as medidas necessárias para a reabertura dos estabelecimentos.
“Acreditamos que se não abrirmos a 1 de Junho muitos clubes já não abrirão. Estamos numa situação dramática. Cerca de 70 a 60% são pequenas empresas”, refere.
Às sete horas, Filipa já estava a orientar uma aluna por um circuito de exercícios de força “com um bocadinho de cardio”. Francisco Marques, que admite ser um “amador de trail uma vez por semestre”, explica que a coach, além de o motivar a continuar e a perseverar nos treinos, também os adequa às necessidades e progressos.
[LER_MAIS]”Com o início do confinamento, continuou o acompanhamento online, mas, nas últimas semanas, esmoreci um bocadinho sem o acompanhamento presencial semanal. Foi-me dada a possibilidade de continuar fora de portas e aderi logo.”
O início e o término da sessão seguem o mesmo ritual. Começa sempre com a desinfecção dos equipamentos, onde se incluem pesos, fitas ou um fino colchão de borracha.
Ficam prontos a ser utilizados, em exclusivo, pelo cliente. No final, voltam a ser desinfectados.
“As pessoas começam a perceber as vantagens e optam por aulas ao ar livre, individuais ou em sessões com duas pessoas”, refere Filipa Lagoa, sublinhando que o custo é o mesmo de uma aula normal com preparador físico, nas instalações do ginásio.
Devido às restrições exigidas pelas autoridades de saúde, esta é a única forma de continuar, para já, a ter aulas presenciais. Resta a opção online, fazer por conta própria ou esperar pelo fim da pandemia.