Tartarugas, raposas, ouriços, morcegos, cobras, grifos, abutres ou aves estão entre os cerca de 280 animais considerados selvagens recuperados, no último ano, pela GNR no distrito.
De acordo com a Direcção do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) desta força de segurança, em 2021 foram ainda efectuadas no distrito três detenções por crimes contra a vida selvagem e “elaborados 19 autos de contra-ordenação aos infractores que danificaram habitats naturais das referidas espécies”.
Chefe da Secção do SEPNA da GNR de Leiria, o capitão Ricardo Vieira frisa que “muitas das situações” detectadas partem de alertas feitos por cidadãos.
Foi, aliás, o que aconteceu, em Abril último, com o resgate de uma tartaruga-leopardo-africana (Stigmochelys pardalis), que se encontrava a “vaguear” numa rua em Vila Facaia, no concelho de Pedrógão Grande.
Após o alerta efectuado por um popular, elementos do Núcleo de Protecção do Ambiente (NPA) de Pombal procederam à recolha do exemplar, “com 40 centímetros de comprimento e dez quilos de peso”, e entregaram-no nas instalações do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) [LER_MAIS]na Mata do Choupal, em Coimbra.
O mesmo destino teve a tartaruga- de-ouvido-vermelho (Trachemys scripta elegans) encontrada no rio Arunca, na zona de Pombal, por elementos do Grupo de Amigos do Arunca. Esta é uma espécie protegida ao abrigo da Convenção do Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES), sendo considerada “invasora” no País.
Já em Setembro, os Amigos do Arunca tinham pedido a ajuda do SEPNA para recolher um grifo detectado “bastante debilitado” na localidade de Casal Velho, também no concelho de Pombal. Neste caso, a ave foi encaminhada para o Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens da Quercus, em Castelo Branco, onde recuperou, tendo sido devolvida à natureza.
O capitão Ricardo Vieira frisa que a actuação do SEPNA é feita “sempre em sintonia” com o ICNF, entidade “responsável por definir o encaminhamento” a dar aos animais. “Por vezes, fazemos a entrega em instalações do ICNF, desconhecendo o seu destino. São depois os técnicos deste organismo que efectuam essas diligências”, refere.
A par das denúncias e dos alertas efectuados por cidadãos, nomeadamente através do contacto com a Linha SOS Ambiente, há infracções detectadas no âmbito da “actividade diária” na sua qualidade de “polícia ambiental”, competente para “vigiar, fiscalizar, noticiar e investigar todas as infracções à legislação que visa proteger a natureza, o ambiente e o património natural”.
Entre os 19 processos de contra-ordenação levantados, o ano passado no distrito, por crimes contra a vida selvagem, estão dois relacionados com a detenção de duas aves autóctones – um exemplar de pintassilgo (Carduelis carduelis) e outro exemplar de híbrido de pintassilgo – em cativeiro no porto de abrigo da Nazaré.
Um outro processo envolveu a “posse ilegal” sete javalis, que estavam em cativeiro, num terreno vedado, infracção que é punível com uma coima que pode atingir os 6.793 euros.
A nível nacional, a GNR resgatou e apreendeu, no último ano, mais de 2.800 animais selvagens, com destaque para as aves. Dados divulgados pela instituição a propósito Dia Mundial da Conservação da Vida Selvagem, que se assinalou a 4 de Dezembro, davam conta do resgate e apreensão de 2.841 exemplares.
Até essa data, tinham também sido efectuadas 140 detenções por crimes contra a vida selvagem, nos quais se incluem a caça furtiva, maus- -tratos a animais de companhia e tráfico de espécies protegidas, e levantados 2.385 autos de contraordenação.