O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, acusa o director nacional da PSP de “desconsiderar” quem está no terreno, onde o próprio se inclui, bem com os autarcas, os comandante e os agentes.
Em causa estão as declarações proferidas por Manuel Magina da Silva, na semana passada, na cerimónia do 149.º aniversário da PSP de Leiria, em resposta ao pedido de reforço de efectivos feito pelo comandante distrital da polícia.
“Senhor comandante, faça o melhor que sabe e pode com os recursos que lhe são alocados, que é exactamente isso que temos todos que fazer”, disse Manuel Magina da Silva, assumindo que “não vai haver mais recursos humanos” para Leiria. “Ajustem”, foi o conselho que deu.
As declarações caíram mal em Gonçalo Lopes, que não esteve na sessão aniversária e que respondeu a Magina da Silva na última Assembleia Municipal.
“As coisas não podem ser tratadas com aquela ligeireza. A PSP merece muito mais naquilo que é a sua liderança, sobretudo, quando desconsidera as pessoas que estão no terreno todos os dias”, afirmou o autarca, alegando que “há uma necessidade de efectivos, que não é só na PSP”, mas também na GNR.
Gonçalo Lopes disse, por isso, estar “preocupado com as declarações do director nacional da PSP que diz que Leiria tem de se governar com os elementos que cá tem, que são bons, mas poucos”.
De acordo com dados revelados no 149.º aniversário da PSP, nos últimos dez anos, o comando distrital registou a uma diminuição do seu efectivo em cerca de 50 policías”.
Deputados trocam acusações
A segurança foi um dos temas em destaque no período antes da ordem do dia da última sessão da AM, realizada dias depois dos desacatos registados junto a uma discoteca da cidade (Mandarim), entretanto encerrada pelo Ministério da Administração Interna.
“Não podemos aceitar que na nossa cidade haja pessoas com aquele tipo de comportamentos, que podem resultar em mortes. Pelo que, temos de ser muito duros”, afirmou Gonçalo Lopes, revelando que, esta semana, haverá uma reunião com representantes dos estabelecimentos de diversão nocturna. “Ou têm atenção a estes fenómenos e fazem parte da solução, ou teremos de agir com dureza”, prometeu.
Por seu lado, Hugo Morgado, da bancada do Chega, considerou que este episódio “fez ressurgir a discussão em torno da segurança” na capital de distrito. “Leiria ainda é uma cidade segura, mas tendencialmente cada vez menos segura. A nova dinâmica social e demográfica, com o aumento da população na cidade, acarreta novas exigências e desafios ao nível da segurança”, afirmou o eleito do Chega, defendo que a solução “não pode ser encerrar os espaços onde há problemas”, mas sim “criar condições de segurança e vigilância para evitar esses problemas”.
As declarações do deputado do Chega mereceram o repúdio de Raul Testa (PS) e de Manuel Azenha (BE) que o acusaram de tentar “ligar de um episódio de violência a pessoas que vêem de fora”. O bloquista considerou mesmo tratar-se de uma “intervenção xenófoba”, uma acusação rejeitada quer por Hugo Morgado, quer por Luís Paulo Fernandes, ambos da bancada do Chega. “Chamar a atenção para a política de portas abertas não é racismo”, alegou Luís Paulo Fernandes. O seu colega de bancada acusou o PS de “oportunismo”. “Tudo o que seja dizer a verdade, que não seja avalizada pelo PS, é conotado como de extrema-direita”, disse Hugo Morgado