Se dúvidas havia, estão desfeitas. O presidente da Câmara de Leiria assumiu preferir que a estação da linha de alta velocidade (LAV) fique na actual localização em detrimento da construção de uma nova estrutura na Barosa.
“Incomoda-me bastante perder a estação de Leiria. As gerações futuras não nos vão perdoar se isso acontecer”, afirmou Gonçalo Lopes, na sessão de Assembleia Municipal realizada na sexta-feira, em resposta a uma intervenção de Pedro Assunção, que, em nome da bancada do PSD, defendeu a opção pela Barosa, considerando que “é a única decisão que pode ser tomada com fundamentos válidos e relevantes”.
“Barosa é a única opção que interessa a Leiria, adoptando uma visão estratégica para desenvolvimento sustentável de médio e longo prazo. A expansão da cidade é uma inevitabilidade futura que deve ser planeada agora, com interligação da LAV e da rede de transportes urbano e regional”, afirmou o eleito do PSD.
Com essa opção, “abdicamos da nossa cidade em detrimento de uma região”, contrapôs o presidente da câmara, frisando que a estação na Barosa “acaba com a Linha do Oeste” na cidade, já que essa ferrovia ficará paralela à LAV.
“Teremos a capital distrito sem estação, que desaparece”, acrescentou Gonçalo Lopes, que lamentou ainda que se perca a oportunidade de “fazer cidade” e de “trazer ordenamento urbano” à zona da actual estação. “No momento em que a cidade estava a coser com aquela zona querem empurrar a estação para cinco quilómetros de Leiria”, reforçou.
Regueira de Pontes quer desviar traçado
Apesar de reconhecer que a solução Barosa “é politicamente confortável”, porque “não destrói casas” e permite uma poupança “brutal”, já que deixariam de ser necessários 18 nós desnivelados, Gonçalo Lopes diz que seguir essa opção “sem garantir ligação a Leiria é o maior erro político que se pode cometer”. “Não quero ficar com o ónus de ser o presidente de câmara que deu carta-branca a uma estação que fica a cinco ou seis quilómetros do centro da cidade”, afirmou.
“Há 43 anos deixei uma casa em Moçambique. Agora, põem a linha de alta velocidade a passar por cima da minha casa”. O desabafo é de Maria Paula, moradora em Regueira de Pontes, e foi proferido na sessão de esclarecimentos, que a junta de freguesia promoveu, na semana passada, e que juntou mais de uma centena de habitantes.
Manifestando-se “plenamente a favor” da alta velocidade, a moradora salientou, no entanto, a necessidade de encontrar soluções que reduzam os impactos. Essa é também a convicção de Vítor de Matos, presidente da junta, frisando que, com as várias opções de traçado, a freguesia será “dividida a meio”, afectando casas, empresas e instituição, como é o caso do centro social que terá a linha “a poucos metros”.
Reconhecendo que a freguesia “não conseguirá parar” a LAV, o autarca acredita que será possível “desviar” o traçado. Nesse sentido, a junta irá apresentar uma solução alternativa, que prevê a passagem da linha mais a norte, o que, segundo o autarca, não inviabilizaria a estação em Leiria e teria menos impactos na freguesia