O valor das vendas de café em Portugal aumentou e o mercado tem registado também um aumento de exportações. Em Leiria, há quem se dedique ao negócio há décadas, verificando também algum aumento de vendas, sobretudo em comparação com o período de pandemia, quando o negócio esteve “praticamente parado”.
Segundo um estudo da Informa D&B sobre este sector, o valor das vendas de café em Portugal atingiu, em 2022, 590 milhões de euros, o que representa um crescimento de 8,3% face ao ano anterior. O mercado do café apresenta-se “numa rota de crescimento, após a quebra verificada em 2020. Já em 2021, o sector registou um crescimento de 12,4%”, [LER_MAIS]nota a Informa D&B.
A mesma fonte refere que, também em 2022, as exportações de café torrado e solúvel atingiram os 121 milhões de euros, registando um crescimento de 6,1%, enquanto as importações aumentaram 2,9%, representando 215 milhões de euros.
Espanha é o principal destino das exportações portuguesas de café, com um peso de 27%, à frente da França, Reino Unido e Suíça. O sector do café em Portugal é constituído por 88 operadores (indústria do café e do chá), predominando as empresas de pequena dimensão, que operam a par de um número reduzido de grandes companhias.
Mais de 60 anos no activo
É nesta fatia dos pequenos operadores que se situa a Cafés Paraíso do Liz, empresa de Alcogulhe (Leiria), cujo negócio remonta há mais de seis décadas, sendo hoje assegurado por uma equipa de seis funcionários. Hugo Ferreira, gerente, refere que também esta empresa sentiu “um ligeiro acréscimo de vendas”, sobretudo em comparação com o período de pandemia, que “foram dois anos praticamente parados”.
A empresa dedica-se à torrefacção, transformação, embalagem e venda de café na região de Leiria, sendo que, pelo resto do País, é comercializado através de agentes. Também exporta, pontualmente, para comunidades portuguesas emigradas, para o chamado “mercado da saudade”.
“O negócio já foi muito melhor, os preços subiram e a inflação condiciona o consumo”, salienta o gerente. Sobre os dados avançados pela Informa D&B, Cláudia Ruivo Pimentel, secretária-geral da Associação Industrial e Comercial do Café (AICC), nota que cada empresa de estudos de mercado tem métodos diferentes de análise, pelo que os resultados finais podem variar ligeiramente entre consultoras.
Ainda assim, a AICC frisa que “o consumo de café volta para o comércio local à medida que as restrições do Covid-19 foram suspensas” e que “com o retorno de muitos consumidores ao local de trabalho e aos estabelecimentos de ensino, houve aumento da procura de café no canal on-trade em 2022”.
“Em termos de volume total, prevê-se que o consumo de café no País cresça a um ritmo lento, mas constante, com o consumo on-trade a subir e o off-trade a descer ligeiramente, com a volta à rotina pós-Covid, com consumidores a voltar a ter uma vida mais activa fora de casa, e dado o aumento no turismo”, refere ainda.