Depois de uma época de conquistas e da celebração da subida à nova 3.ª divisão nacional, a equipa sénior de futsal do GRAP – Grupo Recreativo Amigos da Paz, dos Pousos, em Leiria, recebeu a notícia do fim da modalidade no clube.
“Ponderadas as circunstâncias, decidimos não subir de divisão e a secção, que tinha apenas equipa sénior e de juniores, vai terminar no clube”, confirma o presidente do clube ao JORNAL DE LEIRIA.
Apesar de reconhecer que tem “uma equipa competitiva com um grupo de atletas extraordinários e uma equipa técnica muito boa”, Manuel Faria assume que na balança pesou “o aspecto financeiro, a dificuldade em arranjar directores e toda a estrutura do clube”.
“Para ter a equipa no nacional estimámos 35 mil euros ao ano, um valor muito superior a uma época nas distritais porque as deslocações têm um custo elevado e as taxas e as inscrições são mais altas”, detalha o presidente que transmitiu a informação aos jogadores no início da semana.
Além disso, acrescenta, “para estar no nacional é necessário ter formação e, se há dois anos havia uma série de escalões, neste momento o GRAP só tinha equipa de juniores e era guiada com muita dificuldade”.
“Em primeiro lugar está o clube. Não podemos meter em causa a existência do clube nem dar expectativas às pessoas que sabemos que depois não conseguimos cumprir”, lamenta o dirigente desportivo que promete “trabalhar para reorganizar a secção e meter as coisas mais funcionais”.
Ligado à associação desportiva há mais de duas décadas, Manuel Faria acrescenta ainda que assumiu novamente a direcção por “não querer deixar que o clube caísse” e garante que “este é o caminho que a direcção tem feito para reerguer e melhorar o GRAP”.
“Mais do que vivermos com as emoções, que existem sempre no desporto, temos de ser racionais”, acrescenta, sobre o clube que tem “condições extraordinárias e reconhecidas por todos” mas onde “faltam sobretudo pessoas que se dediquem” à vontade de fazer com que este seja “um local onde as crianças possam crescer e os adultos possam praticar desporto.”
Jogadores “estão tristes mas compreendem a decisão”
“Foi uma época desgastante ao longo de quase dez meses, com muito espírito de sacrifício e com uma equipa muito unida”, conta um dos capitães de equipa, assumindo que os jogadores “estão tristes mas compreendem a decisão”.
“Isto é um problema que se arrasta há algum tempo, dois directores agarraram o clube para que não caísse, tentaram alimentar o sonho e esforçaram-se para reunir apoio, mas faltam pessoas e estrutura no clube”, acrescenta.
“Não faz sentido os jogadores jogarem apenas em prol de um emblema com cerca de 300 atletas e mais de 50 anos de história onde a massa social não está envolvida (…), acaba por ser um grupo a jogar para dois ou três adeptos e esta ia ser uma consequência natural disso”, conclui.
A decisão de não competir no nacional não é um caso isolado no clube. Em 2020, e depois ao longo da época de 2020/21, a direcção então presidida por Manuel da Ponte decidiu desistir do Campeonato de Portugal em futebol e suspender a actividade dessa equipa sénior para “não pôr em causa” o futuro do emblema.
Para a próxima época 2022/23 o GRAP, fundado em 1940, mantém a aposta no futebol e no futebol de praia.