Uma gruta sob a Ermida da Nazaré, que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) desconhecia existir, poderá fazer mudar o curso do projecto da obra de estabilização das arribas da Nazaré, que a APA prevê executar no promontório.
Na última reunião da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, presidente do município, transmitiu o resultado do encontro de dia 12 de Abril, onde representantes da APA ouviram o arqueólogo Luís Raposo e o arquitecto José Aguiar, sessão onde também participou o próprio Walter Chicharro, o vice- -presidente da autarquia e o vereador da Protecção Civil.
A reunião, recorde-se, decorreu depois de a população se ter insurgido contra a destruição do muro centenário junto ao Bico da Memória, que está previsto acontecer no âmbito desta obra da APA, e de vários especialistas [LER_MAIS]terem solicitado documentos que suportem as decisões do projecto, e alertado a agência para a necessidade de serem tidas em conta outras perspectivas, no sentido de melhor harmonizar a componente de segurança e de protecção do património cultural da obra.
“Ficámos com a sensação que terá alterado um pouco a perspectiva dos peritos. Há um assunto que está em cima da mesa para ser avaliado, porque a própria APA não tinha conhecimento disso”, expôs Walter Chicharro.
O presidente referia-se à existência da gruta sob a Ermida da Memória, que “para estranheza de todos nós”, a Direcção-Geral do Património, apesar de ter dado o seu parecer favorável ao projecto da APA, não terá referenciado à agência.
Gruta estudada com georradar
Assim, prosseguiu o autarca, a APA irá agora proceder ao estudo da gruta, através de georradar, “para tomar decisões adicionais” em relação à obra. O presidente do município congratulou- se com a “consensualização” e com “o debate de soluções” alcançado, através do trabalho de “moderação” da câmara. Depois deste trabalho da APA, que permitirá conhecer a dimensão e o que estará no interior da gruta, está prevista uma nova reunião com a agência, informou Walter Chicharro.
Fátima Duarte (PSD) lamentou que a agência não tenha desde logo reconhecido o saber e a urbanidade dos nazarenos para discutir o assunto.
Já João Paulo Delgado (CDU) entendeu que estes são “passos francamente positivos, que nunca teriam acontecido sem a mobilização popular”.