O subchefe da guarda prisional, em prisão domiciliária e suspenso de funções que exercia no Estabelecimento Prisional de Leiria, admitiu ao colectivo de juízes do Tribunal de Leiria ter recebido dinheiro para entregar telemóveis a um detido, mas “não sabia para o que ele iria utilizá-lo”. Segundo contou, os telemóveis foram-lhe dados por outros dois arguidos.
Em troca terá recebido cerca de mil euros. O subchefe admitiu ainda ter dado dinheiro “em mão” a uma das arguidas, a pedido do recluso, porque “ela não tinha dinheiro para comer”. O guarda prisional disse desconhecer as várias transferências bancárias na sua conta e justificou que acedeu ao pedido do detido porque se encontrava “com problemas de dinheiro”. Já o detido, também arguido neste processo, admitiu dar dinheiro ao subchefe “para estar bem na cadeia e ter tudo”.
[LER_MAIS] Segundo a acusação do Ministério Público (MP), entre Novembro de 2015 e Novembro de 2016 quatro homens e duas mulheres, com idades entre 19 e 56 anos, “envolveram-se num esquema fraudulento de obtenção de dinheiro à custa de terceiros”, tendo lesado cerca de 80 pessoas em quase 11.500 euros.
Os arguidos consultavam páginas da internet, redes sociais e classificados dos jornais, e daí retiravam os contactos telefónicos das potenciais vítimas, assim como outros elementos que pudessem facilitar a criação de um enredo credível, relacionado com situações da vida dessas pessoas, como o desaparecimento de animais de estimação ou arrendamentos de imóveis.
Após a selecção e a recolha dos contactos, as informações eram transmitidas ao principal arguido, que, à data, se encontrava em prisão preventiva ao abrigo de outro processo, por crimes idênticos, “para que este contactasse as potenciais vítimas”, usando para o efeito telemóveis e cartões SIM que lhe eram entregues/ comprados pelo subchefe da guarda prisional. O MP refere que o principal arguido, hoje com 31 anos, “aufere uma pensão de reforma por invalidez do foro psiquiátrico” de 310 euros.