Ultimamente temos ouvido e lido que há “excesso de turismo nos territórios”. Conscientes de que o turismo é fundamental para o crescimento económico, especialmente em economias locais onde escasseiam outras fontes de receita, a criação de emprego, a melhoria de infraestruturas, a requalificação urbanística e a dinamização do comércio local (…), são benefícios indiscutíveis para as pessoas e para os territórios.
Há regiões em que o turismo é a principal, ou até a única, fonte de rendimento. Nestes territórios o turismo não é somente mais uma atividade económica. Ele é o motor do desenvolvimento. Nesse sentido ele não é dispensável. Logo, qualquer diminuição dos fluxos turísticos nestas regiões pode prejudicar severa e profundamente as economias locais e condicionar elevados investimentos privados e públicos.
A ideia de existir um “excesso de turismo”, de forma generalizada, é um perigo para o país. É, aliás, um contra senso. Governos, empresas, autarcas, associações andam há mais de 20 anos a projetar o turismo… e agora há turismo a mais?!? As despesas turísticas nos nove primeiros meses acumulados de 2024 totalizam 5.284,14 (cinco mil, 284 milhões de euros)…
Se em alguns locais do País se identificam fluxos turísticos elevados, então há que os gerir. Existem diversas soluções tecnológicas como o uso de reservas online que limitam o número de visitantes em determinados horários ou promover rotas alternativas, evitando dessa forma a saturação e garantindo o equilíbrio da capacidade de carga. O País precisa da atividade turística, pelo que há que dar mais território aos turistas.
Ainda assim, e porque o turismo é uma forma de divulgar as identidades locais, impõe-se preservar as tradições, as artes e os ofícios, sem que se “comercialize” a cultura.
Precisamos de manter viva a identidade local e garantir a sua genuinidade, promovendo páticas de turismo sustentável que assegurem impactos ambientais e sociais reduzidos.
É fundamental delinear e concretizar estratégias de desenvolvimento da atividade turística com benefícios sociais e comunitários, que envolvam todos.
Estas linhas de reflexão são escritas no momento em que o Governo e o Turismo de Portugal se encontram a auscultar empresários, autarcas, associações, académicos e investigadores da atividade turística, para a elaboração do documento que contemplará as linhas de atuação da política pública até 2035: a Estratégia de Turismo 2035.
Que todos saibam estar e estejam, efetivamente, à altura dos desafios presentes e do futuro.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990