Franceses, sobretudo, mas também espanhóis, portugueses, holandeses… São das mais diversas nacionalidades os turistas que demandam Leiria, onde de ano para ano se nota um aumento do número de visitantes, confirmam as unidades hoteleiras ouvidas. Fomos tentar perceber quem são e que motivos os trazem à cidade do Lis.
Herman de Vries e Birgit Brouwer estiveram em Leiria na passada quinta-feira, com os dois filhos. Foi a primeira vez que vieram. Porquê? “Queríamos visitar a cidade, que constava de um livro que tínhamos sobre Portugal. Disseram-nos que era uma cidade bonita para visitar, e cá estamos”, contou o casal holandês ao JORNAL DE LEIRIA.
Visitaram o castelo – “muito bonito. Visto de fora parece um pouco em ruínas, mas já lá dentro percebe-se que tem muito para oferecer” -, algumas igrejas e “a casa dos pintores”, ponto de partida da visita ao novíssimo Centro de Diálogo Intercultural de Leiria, que conta ainda com a Igreja da Misericórdia.
Gostaram, mas nem isso os fez ficar mais do que um dia na cidade, onde nem sequer pernoitaram. É que era a sua primeira vez em Portugal e o programa era ambicioso para apenas 13 noites de estadia: Lisboa, Porto, Batalha, Fátima, Óbidos, Nazaré…
Em Julho e Agosto (até meados do mês), o hostel Atlas, no centro histórico de Leiria, registou um aumento de 5% nas dormidas face a igual período do ano passado. Para Hugo Domingues, um dos sócios, tal deve-se a um “aumento generalizado do turismo em todo o País”, tendência de que Leiria também beneficia. Neste estabelecimento, 60% dos hóspedes são portugueses, os restantes estrangeiros, sobretudo espanhóis. Ficam em média duas noites.
[LER_MAIS] E foi precisamente no Atlas que o JORNAL DE LEIRIA encontrou Claire Lebossé e Chloé Lopez, ambas de 28 anos. Vieram de França e estavam fazer o percurso de Norte para Sul, pela costa. “Não tínhamos ouvido falar de Leiria antes de vir”, admitiram.
Quando chegaram ao Porto, viram o que havia para visitar entre esta cidade e Lisboa e foram parando aqui e ali. Tencionavam ainda parar em Peniche e em Sintra antes de chegar à capital. Em Leiria, iriam pernoitar apenas duas noites. Quando falámos com elas, só tinham visitado o castelo e a Sé, e deambulado um pouco pela Praça Rodrigues Lobo. Tencionavam ainda visitar o Museu do Papel e o seu moinho. “Não há muitas atracções turísticas”, apontava Claire, admitindo no entanto ter gostado muito do castelo e da catedral.
Sentados em volta de uma mesa na Praça Rodrigues Lobo, seis jovens franceses saboreavam a gastronomia e a cerveja portuguesas. Com idades entre os 21 e os 25 anos, oriundos de Grenoble e de Lyon, vieram a Leiria porque têm amigos com família nos arredores.
Para dois dos jovens era já a segunda vez na região. Para outros dois, a primeira vez que saíam de França. Por isso, queriam aproveitar para conhecer vários locais: Lisboa, Setúbal, Nazaré… Mas a maior parte do tempo tencionavam ficar em Leiria.
Quando os encontrámos, na quinta à tarde, já tinham visitado o castelo, que consideraram “bonito e bem conservado”. Museus não tencionavam ver. “Preferimos estar por aqui [praça], a sentir o ambiente, a vivência da cidade”.
E foi precisamente junto ao castelo que encontrámos Antoine da Costa e Marie Madeleine Pereira, que vieram de Clermont-Ferrand, França. Foi a primeira vez que visitaram o monumento, mas já conheciam a cidade – “gostamos das ruelas, da hospitalidade” -, porque têm família na zona de Fátima. Ficaram alojados num hotel em Monte Real e o objectivo era visitarem um pouco da região.
Também a família Gapo/Costa, de Coimbra, fez do castelo de Leiria – “que não há em mais lado nenhum” – paragem obrigatória na sua visita à cidade. Do grupo de oito pessoas, algumas ainda não o conheciam. De Leiria, João Costa elogiou a zona urbana “muito interessante”, o comércio, os “bons restaurantes”. “Gosto do ambiente tranquilo que se respira na cidade”.
“Há dez anos, Agosto era um dos piores meses para a hotelaria. Agora é um dos melhores, devido ao aumento da procura por parte dos turistas, sobretudo estrangeiros”, considera Acácio Mendes. O director-geral dos Hotéis Eurosol aponta uma subida de 10% nas dormidas, nos meses de Julho e Agosto, em relação ao mesmo período do ano passado.
Na sua opinião, vários factores contribuem para isso: a vinda do Papa a Fátima “deu visibilidade à região” e trouxe mais visitantes; os luso-descendentes de segunda e terceira gerações procuram a zona e ficam alojados na hotelaria; e a dinâmica da cidade, que ganha ainda pelo facto de “Portugal estar na moda”.
O aumento de turistas sente-se igualmente na restauração. “Há mais turistas este ano, de modo geral”, considera Carlos Brites, proprietário do Praça Caffé, para quem em Julho e Agosto, contudo, o número de visitantes se situa ao mesmo nível do do ano passado. Mas nem todos os negócios sentirão de igual forma o aumento da procura.
Francisco Lopes, do Ibis Leiria, diz que “as dormidas se mantêm idênticas” ao ano passado. Os hóspedes são sobretudo estrangeiros, mas há igualmente “muitos emigrantes”. Em média ficam uma ou duas noites. “Há um bocadinho mais movimento do que no ano passado”, diz por seu lado José Brites, proprietário do hotel D. Dinis.
Também o responsável pelo hotel Leiriense admite um “pouquinho mais” de procura. Já Liliana Paiva, directora do Tryp Leiria, diz que em 2017 se nota um aumento de turistas, mas Agosto está “bastante abaixo” do registado no ano passado. “Começámos a ter cancelamentos de reservas a partir dos fogos de Pedrogão Grande”, lamenta.
536
mil dormidas foram registadas na região Centro em Junho, mais 14% do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística
25,2
milhões de euros foi o montante dos proveitos totais no alojamento da região Centro em Junho, uma subida de 24,3%, resultado do aumento da procura
17,5
o proveito por alojamento, na região Centro, foi em Junho de 17.550 euros, valor que compara com os 91.357 registados no Algarve, a zona do País com o valor mais elevado