Depois de mais de três décadas de dedicação à enfermagem, e de vários anos em luta pela dignificação das condições da saúde em Alcobaça, Isabel Granada revela como as flores e o teatro passaram a povoar os seus dias.
Isabel Granada nasceu em Alcobaça a 23 de Fevereiro de 1961 e foi neste concelho que estudou até ao 11.º ano de escolaridade. Chegada ao 12.º ano, restavam- lhe duas escolhas, ou assistia às aulas pela televisão ou completava o ano propedêutico em Lisboa. Isabel optou pela segunda via. Vivia em casa de uma familiar, na Buraca, e deslocava-se diariamente à zona do Saldanha, para ter aulas num colégio.
Gostava de Lisboa, mas reconhece que uma coisa é passar pela capital, de visita. Outra, bem diferente, é “viver apinhada de gente”.
Regressada à sua região, em 1981, Isabel preparava- se para cumprir o seu sonho de menina e formarse na Escola de Enfermagem de Leiria. Desde sempre quis ser enfermeira. “Médica, não!”, recorda Isabel que, em criança, “tinha as bonecas todas picadas”. E a culpa desta escolha foi de um livro que Isabel teve na infância, onde a personagem principal era uma menina, que era a enfermeira de toda a bonecada.
Além disso, sublinha, “sempre senti vontade de ajudar”, realça Isabel Granada.
O seu casamento foi celebrado em 1983 e, um ano depois, a jovem terminou o curso de enfermagem, passando a exercer no antigo Hospital de Alcobaça. Preferia trabalhar com adultos. Afinal, depois de testemunhar algumas mortes na pediatria, compreendeu que não queria aquela vivência para si.
Naquele hospital e durante 34 anos, Isabel percorreu quase todos os departamentos, desde Medicina, Urgência, Cirurgia, até à Consulta Externa. Em 2011 e nos anos que se seguiram, a enfermeira diz ter travado uma das maiores lutas da sua vida profissional, integrando uma comissão que se batia pelo não encerramento do Hospital Bernardino Lopes de Oliveira. “O hospital não fechou, mas há coisas que continuam por melhorar. Há zonas do hospital que estão subaproveitadas”, aponta a enfermeira.
Essa força e esse método de luta resultaram dos 12 anos durante os quais Isabel foi deputada na Assembleia Municipal de Alcobaça pela CDU, salienta a enfermeira. Mulher de causas, mesmo quando adoeceu e se aposentou, Isabel Granada decidiu manter-se em actividade. Hoje em dia, não é apenas uma avó presente, que ajuda a cuidar dos netos sempre que pode.
Isabel Granada, que entretanto se mudou de Alcobaça para Cela, encontrou na horta e na jardinagem um dos seus grandes prazeres. Além disso, tendo herdado do avô e da mãe um forte gosto pela representação – que entretanto passou ao seu filho David, também actor – Isabel Granada passou a dedicar-se ao teatro. [LER_MAIS] E já fez aparições públicas, uma delas no passado dia 8 de Março. As manhãs são também ocupadas a dar aulas aos jovens na Igreja Baptista de Alcobaça.
Com tantos afazeres, continua só por cumprir uma vontade antiga: fazer uma licenciatura de Psicologia. Afinal, explica Isabel Granada, mantém em si o “fascínio pela mente humana”.