A sala do Edifício Cosmos Azul e Mar, em São Pedro de Moel, tornou- se pequena para tantas pessoas da comunidade que aguardavam pela novidade mais ansiada, desde que o complexo de piscinas oceânicas fechou portas naquela praia, há mais de uma década.
Na reunião descentralizada da Câmara da Marinha Grande, de terça-feira, foi apresentado o projecto que pretende requalificar aquele espaço, já degradado, e, mesmo sob críticas por parte da oposição, a vereação acabou por aprovar por unanimidade o Pedido de Informação Prévia (PIP) apresentado pela empresa proprietária do espaço.
Um empreendimento turístico de três estrelas, um conjunto habitacional e uma piscina reconfigurada, aberta ao público, fazem parte das intenções da dona do imóvel, a Gestoliva Imobiliária.
Paulo Reis Silva, arquitecto da empresa Saraiva + Associados, enumerou [LER_MAIS]as principais acções de recuperação do edifício existente, para permitir uma utilização requalificada do espaço, mantendo o actual uso de serviços e estabelecendo relação com o uso público de um equipamento que fez parte da memória colectiva da Marinha Grande.
Pretende-se manter os objectivos iniciais, fazendo a adaptação necessária, desagravando a ocupação humana neste troço de costa, considerou.
A proposta para a requalificação e adaptação do edifício existentes visa recuperar o conjunto antes construído, inserido na encosta, recuado em relação ao mar, mantendo o espaço exterior o mais livre possível. Mantém-se o uso de serviços turísticos, com a instalação de um empreendimento de 15 apartamentos turísticos de tipologia T1 e T2, com classificação de três estrelas, um ginásio e um kids club.
O novo edifício reduz a sua área de construção e redefine o seu volume, assegurando maior harmonia do conjunto com a envolvente. O empreendimento inclui, também, piscinas exteriores, um grande espaço de solário, área de animação infantil e espaços de lazer ao ar livre e um restaurante / lounge / cafetaria com esplanada.
A zona sul é reservada às piscinas, com um grande plano de água e com a piscina de saltos transformada em chapinheiro para crianças, mantendo as pranchas como memória. A piscina grande será redimensionada numa outra configuração (cerca de 25 metros, metade dos quais com profundidade reduzida).
Paralelamente, foi aprovado outro PIP relativo à construção de um conjunto habitacional, no terreno que confina a nascente com o complexo, composto por 14 apartamentos, de tipologias T2 e T3, em dois pisos e um piso de cave de estacionamento para 33 lugares (três dos quais para mobilidade reduzida).
Aurélio Ferreira, presidente do município, mostrou-se satisfeito com a aprovação deste PIP, lembrando “a grande importância que representa a requalificação das Piscinas de São Pedro de Moel, para devolver a dignidade de um local que faz parte da memória colectiva dos marinhenses”. Salientou que, desde o encerramento das piscinas, em 2013, “muitas foram as tentativas de concretizar a sua requalificação, infelizmente sem sucesso”.
Esclareceu que, “nos últimos dois anos, intensificámos os esforços e a estreita colaboração do município com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Gestoliva Imobiliária, para se encontrar uma solução viável, sustentável e que respeite os instrumentos de planeamento do território”.
Esta é uma proposta de “um complexo turístico moderno, com uma arquitectura leve e contemporânea, integrado na paisagem, que vai ao encontro das mais exigentes práticas de sustentabilidade ambiental”, realçou.
A vereadora Ana Laura Baridó lamentou que o presidente não tivesse referido o papel do PS, de Cidália Ferreira em particular, no “desbloquear do processo”, com a ARH Centro, ainda em 2018, com várias reuniões nos anos seguintes. Já António Fragoso quis saber se esta construção aumentará as unidades funcionais, já que o agravamento da ocupação era uma das preocupações da APA que não permitiu avançar com o projecto anteriormente apresentado pelos socialistas.
Luz verde da APA
Filipa Esperança, jurista, argumentou que não há aumento de unidades funcionais, com desagravamento de ocupação (que passou de capacidade para 2787 pessoas, no antigo complexo, para 40 camas no futuro empreendimento turístico).
Enquanto a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro se pronunciou, referindo que não emitirá parecer, a APA deu recentemente parecer favorável. Foi por essa razão que só agora foi apresentado o PIP em reunião de câmara. Esta foi a resposta de Aurélio Ferreira a Ana Laura Baridó, que questionou o “aparato” da apresentação, quase em jeito de “campanha”, e a Alexandra Dengucho (CDU), que indagou sobre os pareceres positivos das diversas entidades.
Em comunicado, o Grupo +Concelho partilhou algumas preocupações apresentadas pelos vereadores da oposição. Desconhece um estudo geológico que suporte a construção e receia que não haja garantia de uma utilização pública das piscinas.
Questionado pelo nosso jornal, Aurélio Ferreira diz que a dona do imóvel não avançou com estimativa de investimento nem de número de colaboradores a operar no futuro complexo.