O presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), Helder Roque, apresentou a sua demissão há um mês. Desde então, o Ministério da Saúde não tomou qualquer decisão nem respondeu às reivindicações que o hospital tem vindo a fazer. Na comissão de saúde, realizada há cerca de duas semanas, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que iria rever a questão do encaminhamento dos doentes urgentes de Ourém – e apenas estes – por parte do INEM, substituindo Leiria pelo Médio Tejo. Mas também aqui não há novidades.
“Não há nenhum desenvolvimento concreto no que respeita a essa questão. Nem em relação a outras questões que estavam e estão em cima da mesa, nomeadamente quanto às reivindicações do CHL ou às medidas anunciadas, o que não deixa de ser potencialmente danoso para a instituição, os utentes e a região que serve. É do interesse de todos que estas situações se resolvam com celeridade, sob pena de prevalecerem a incerteza, os incómodos e os problemas, e porque o CHL precisa e merece. Na verdade, passado mais de um mês sobre o pedido de demissão estranhamente, fez-se silêncio”, revela Helder Roque em declarações ao JORNAL DE LEIRIA.
O presidente demissionário do CHL acrescenta que tomou a decisão de “subdelegar” as competências “nos vogais do CA, que continuam a trabalhar para assegurar o funcionamento corrente do CHL”.
No entanto, Helder Roque admite que “ esta situação não deixa de criar constrangimentos numa instituição desta grandeza, não só pela posição assumida pelo seu líder mas em tudo o que compreenda a tomada de opções estratégicas ou organizacionais, as quais devem logicamente aguardar pela nomeação do novo presidente”.
Helder Roque reitera que, tal como deixou expresso na mensagem que enviou a todos os colaboradores, espera que a sua saída “seja o melhor contributo” que possa “prestar para reforçar a dimensão do CHL, como instituição de referência regional”.
Confrontado com a pergunta sobre se a tutela aceitou a sua demissão ou houve conversações entre as partes, o presidente demissionário afirma que, “neste momento, não é crucial estar a revelar em público quaisquer contactos com a tutela, sejam eles quais forem”, pelo que Helder Roque preferiu não fazer “considerações sobre essa matéria”.
“Apresentei o pedido de demissão e só posso deixar o cargo após ser substituído. São estas as regras”, frisa, escusando-se também a responder se houve pressões para a sua continuidade por parte do Ministério da Saúde.
Helder Roque garante que voltar atrás na sua decisão de demissão “não se coloca”. “Não há ainda qualquer desenvolvimento concreto no que respeita ao pedido de demissão, que naturalmente se mantém, pelo que não compreendo a manutenção desta situação, que espero que seja resolvida brevemente.”
O JORNAL DE LEIRIA enviou um conjunto de perguntas ao Ministério de Saúde, mas até à hora do fecho da edição não recebemos qualquer resposta.
Secretariado do PS aponta Sales para o CHL
Alguns elementos do secretariado do PS de Leiria apontam António Sales como substituto de Helder Roque. “É médico, conhece bem o hospital, é membro da comissão parlamentar da saúde e é um homem de causas. Não se vê melhor pessoa para ser presidente do CHL”, revela António José Henriques.
Apesar desta posição distrital, o JORNAL DE LEIRIA sabe que a concelhia do PS de Leiria não concorda com este ou outro nome, porque [LER_MAIS] defende a continuidade de Helder Roque à frente do CHL.
António Sales, deputado e presidente da Federação do PS, mostra-se “agradecido” com o “reconhecimento”, mas garante que quer cumprir até ao final o seu mandato enquanto deputado.
“O pior seria politizar esse cargo. O presidente do CA está muito bem no exercício do cargo e deve manter-se, porque o hospital deu um salto qualitativo na saúde. Devemos é lutar para dar condições ao actual CA para cumprir o seu mandato até ao final e tem sido esse o meu esforço.”
O socialista salienta que tem “pressionado” a tutela para garantir os meios humanos necessários ao bom funcionamento do hospital. “Há quatro meses que andava a tentar que fosse possível contratar dois cardiologistas, uma das reivindicações de Helder Roque para manter a unidade de Hemodinâmica, e a senhora ministra disse-me que os contratos iriam avançar”, revela, ao acrescentar que não permite que o Ministério da Saúde se esqueça do hospital de Leiria