"Leiria perdeu muito com as Invasões Napoleónicas. Jamais conseguiremos recuperar a centralidade da região no campo da arte sacra e do património que foi perdido, no século XIX. Hoje, a região poderia ser muito diferente em termos de riqueza histórica artística e patrimonial.”
Com estas palavras, o investigador Saul António Gomes sumarizou uma parte importante da acção negativa que as tropas de Napoleão tiveram entre nós. O investigador apresentou no Celeiro da Fundação da Caixa de Crédito Agrícola de Leiria, no sábado, o seu livro A Região de Leiria e as Invasões Francesas, edição do Cepae – Centro do Património da Estremadura, e aproveitou a ocasião para lançar um desafio: por que não musealizar ou criar roteiros das Invasões Francesas.
Assumindo a dificuldade de criar museus sobre episódios negativos da história, o autor referiu que este assunto, cujas consequências foram determinantes para a História de Portugal, tem potencial para captar visitantes estrangeiros a Portugal.
A título comparativo, lembrou os turistas de origem judaica que têm procurado o CDIL, antiga Igreja da Misericórdia, em Leiria, embora o local represente um dos episódios mais negros da perseguição do povo judeu.
“As Invasões Napoleónicas não definem nem França, nem os novos princípios que levou ao [LER_MAIS] resto do Mundo”, disse o inves-tigador, lembrando que o país, hoje, está mais ligado à Estátua da Liberdade do que às campanhas militares de início do século XIX.
Na apresentação, o editor Carlos Fernandes referiu que, ainda falta fazer um trabalho sistemático para apurar exactamente o que aconteceu na região durante o episódio.
Baseado em relatos escritos de refugiados recordou que a política de terra queimada, levada a cabo não apenas pelos franceses, mas também pelas tropas que defendiam o território nacional, forçou ao deslocamento de grande parte da população, que jamais regressou.