O homem acusado de ter matado em Abril um vizinho, em A-dos-Pretos, Maceira, confessou hoje ao colectivo de juízes do Tribunal Judicial de Leiria, que disparou “apenas com a intenção de assustar o vizinho”.
O arguido, de 45 anos, acusado de um crime de homicídio qualificado e outro de detenção de arma proibida, contou que tinha um problema com o álcool e que no dia do crime estava embriagado. “No dia 27, cruzei-me com ele [vítima] e fui buscar a arma para o assustar. Não sei o que se passou na minha cabeça. Não queria matá-lo só o assustar”, sublinhou o arguido ao juiz presidente, acrescentando que “tinha bebido muito”.
“Se pudesse voltar atrás, nada disto tinha acontecido. Estou muito arrependido se pudesse ter numa nova oportunidade…”, acrescentou.
A mulher da vítima revelou que o suspeito “estava sempre a ameaçar” o marido, embora desconhecesse as razões das divergências. “Ele [arguido] já tinha dado tiros no portão e, dias antes de ter dado estes tiros, disse-me: ‘diga ao seu marido que se os ciganos não o matarem, quem o mata sou eu’. Ele dizia a toda a gente que um dia havia de matar o meu marido”, relatou.
O arguido contou que disparou duas vezes contra o vizinho, mas afirma que apontou para o tractor. “Não vi se acertei. Mas fui andando em direcção do tractor. A esposa, que não sei onde estava, nessa altura agarrou-se a mim. Meti mais dois cartuchos. Depois refugiei-me na mata e adormeci.”
Já o inspector da Polícia Judiciária referiu ao tribunal não ter visto “nenhum impacto visível no tractor” e quando falou com o arguido ele apresentava-se “calmo, tranquilo, sem mostrar arrependimento, até parecia estar orgulhoso”.