A alameda de causuarinas (também conhecido como pinheiro australiano) dá as boas-vidas a quem chega ao horto municipal de Leiria, instalado na antiga ETAR de Ponte das Mestras, a poucos quilómetros do centro da cidade.
Sentada ao sol, para fugir ao frio da manhã, Conceição Silva poda as hortências que plantou há três anos e que, nos próximos meses, irão adornar canteiros da cidade e de outros espaços públicos do concelho. “É o que gosto mais neste trabalho: ver as plantas desenvolver”, confessa a funcionária, que trabalha no horto há 33 anos. “Comecei no horto velho [na encosta do Castelo]. Estive lá 20 anos. Depois, mudámo-nos para aqui”, conta Conceição, pousando mais um vaso, com a hortência já pronta a ser plantada.
Ladeado por uma pequena ribeira, de onde vem a água usada na rega das plantas e árvores, e pelo rio Lena, o horto municipal ocupa cerca de 21 mil metros quadrados e resultou da reconversão da antiga ETAR. Na zona dos tanques, que em tempos recolhiam as águas residuais, funcionam as estufas e a vasaria, que responde a pedidos de cedência de plantas usadas em eventos de escolas, associações, juntas de freguesia ou outras entidades.
“No ano passado, tivemos 44 solicitações”, aponta Marta Teves, engenheira agrícola, que chefia a Divisão de Espaços Verdes da Câmara de Leiria. É ela que serve de cicerone na visita do JORNAL DE LEIRIA ao horto, onde são cultivadas as plantas, arbustos e árvores utilizadas nos espaços de domínio público do município.
No ano passado, foram produzidas no horto cerca de 37.500 plantas de época, 275 árvores e 2.231 arbustos. “Não atingimos a auto-suficiência porque há espécies que, pelas suas características, não conseguimos produzir aqui”, alega a técnica, frisando a preocupação de escolher plantas “adaptadas às condições edafaclimáticas”, ou seja, ao solo e ao clima da região.
Valorização do horto em estudo
No horto, é também produzido composto natural, a partir dos resíduos resultantes da manutenção dos espaços verdes sob a alçada do município, utilizado em jardins e canteiros públicos e nas hortas comunitárias da câmara. “No último ano, produzimos 103 toneladas de composto”, revela Marta Teves, que destaca ainda o trabalho de recolecção de sementes feito no horto. “Guardamos a história das sementes.”
A par da diversidade de flora, o horto serve de reduto a algumas espécies animais, como faisões, raposas, lebres ou répteis. “De tempos a tempos, temos ‘visitas’. É sinal da biodiversidade deste espaço”, enfatiza a técnica.
O Parque Aquapolis de Leiria, anunciado pela câmara para a zona da Barosa, prevê a requalificação do horto municipal. A intenção é requalificá-lo e torná-lo visitável, “captando-o para funções educacionais”, para “ser um projecto multi-geracional, voltado para a comunidade”.