Nas últimas semanas, a discussão sobre a localização do futuro hospital do Oeste abriu brechas entre vários municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM). Mas não só. Também internamente, no concelho de Alcobaça, as posições dividem-se sobre o local mais apropriado para receber a unidade hospitalar, com o presidente da autarquia a ser duramente criticado pela oposição durante a última Assembleia Municipal, que decorreu sexta-feira, dia 24 de Fevereiro.
O assunto foi abordado pelo deputado Luís Polido (PS), que considerou a proposta do presidente Hermínio Rodrigues (PSD), de lançar Alfeizerão na corrida pelo futuro hospital, como uma “estratégia isolacionista e demagógica”, que só pode ser “teimosia para [LER_MAIS]salvar um negócio ruinoso”. O socialista recordou que, em 2008, aquando da aquisição do terreno em Alfeizerão, por cerca de 3,5 milhões de euros, com o objectivo de ali ser construído um hospital, já o PS se tinha oposto, considerando a compra “precipitada”.
Agora que o estudo encomendado pela OesteCIM concluiu que Bombarral é o local preferencial para acolher a unidade, e que Caldas da Rainha e Óbidos tentam interceder para que a construção aconteça no seu território, o socialista não percebe por que razão Alcobaça não apoia Caldas da Rainha e prefere propor Alfeizerão.
O melhor seria, propõe, vender o terreno e, com o dinheiro encaixado, apostar nos centros de saúde do concelho.
Hermínio Rodrigues respondeu que se o estudo foi feito e aponta num sentido, a decisão deve caber ao ministro da Saúde. No entanto, considerou o autarca, se Caldas da Rainha tem direito a pedir nova apreciação sobre a localização, então Alcobaça também o tem.
Acrescenta que apenas 30% da população do município é encaminhada para o hospital em Caldas e que 70% está referenciada para o hospital de Leiria. E sublinha a expressividade do número de utentes de Alcobaça e Nazaré que, juntas, têm “cerca de 100 mil habitantes”.
Horas antes da Assembleia Municipal, autarcas, partidos e movimentos cívicos das Caldas da Rainha e Óbidos entregavam na Assembleia da República uma petição com 13.570 assinaturas, visando alargar os critérios de decisão da localização do novo hospital do Oeste.
Segundo a Lusa, o objectivo é que a petição, que defende que a localização do novo hospital do Oeste seja na confluência dos concelhos das Caldas da Rainha e de Óbidos, seja apreciada em plenário antes do anúncio da decisão do Governo, prometida pelo ministro da Saúde para o final de Março. As conclusões do estudo encomendado pela OesteCIM, que aponta Bombarral como a melhor localização, são contestadas pelos municípios das Caldas da Rainha e Óbidos (distrito de Leiria) e de Rio Maior (distrito de Santarém), que defendem uma localização mais a norte da região Oeste.
Em nota de imprensa, o presidente de Câmara de Óbidos lembrou recentemente que “os territórios do Oeste representam muito mais do que os seus habitantes”, salientando os milhares de trabalhadores sazonais no sector primário e os milhões de turistas.
Também em comunicado, o presidente da OesteCIM apelidou de “incoerente” a posição dos autarcas de Óbidos e de Caldas da Rainha, quando antes, no âmbito da Oeste CIM, foi aprovada por unanimidade uma moção de congratulação pela realização do estudo enviado ao ministro.