Trocava a vida de gestor pela vida de músico?
Não. Agora mais alguns acordes na gestão das empresas, da vida, do que for, isso já era outra coisa.
Como pessoa, é mais dado ao improviso ou a manter as contas organizadas?
Pessoalmente ao improviso, no entanto esforço-me para a racionalidade estar presente nas minhas decisões.
E voltava a estudar a violino?
Isso tem andado pela minha cabeça, é um facto. Piano ou guitarra, talvez um dia destes.
O que é que o tira da harmonia?
A falta de bom-senso, A deslealdade e a dificuldade de se reconhecerem os erros como um processo obrigatório de aprendizagem.
E prefere o palco ou os bastidores?
Começa sempre tudo nos bastidores, volta sempre tudo aos bastidores. Tento ser sempre um eterno aprendiz.
Desistiu do violino ou foi o violino que desistiu de si?
Foi uma decisão conjunta, decidimos dar um tempo.
Como presidente da SAMP, o que lhe dá mais trabalho para manter a orquestra afinada?
A orquestra já está a tocar desde 1883, ininterruptamente. Os maestros vão entrando e saindo ao sabor do tempo, mas são apenas pequenos apontamentos. Quanto à afinação, basta olhar para aquilo que já foi conseguido pela SAMP e, principalmente, ver esse reflexo nos olhos das crianças e pais, dos alunos, dos idosos, dos colaboradores, dos músicos, dos voluntários, de todos aqueles em quem a SAMP toca de alguma forma e percebemos a magia.
Fazem mais falta solistas ou carregadores de piano?
Fazem falta todos, fazem falta esses e muitos mais. Mais que partilhem a magia, o sonho, a vontade de mudar o mundo. A sociedade necessita disso, desta intervenção aCtiva da sociedade para a sociedade, é isso que fazemos diariamente na SAMP.
Que projecto mais o orgulha na SAMP?
O projecto do Berço, nomeadamente as aulas para os bebés e crianças. O facto de nas aulas estarem, obrigatoriamente, a criança e, pelo menos, um dos pais, faz com que seja possível trabalharem-se dois alunos, a criança e os pais e, desta forma, toda a família. Esta forma de intervenção tem um impacto enorme, que se estende para toda a vida de toda a família e sociedade.
Nasceu no distrito de Aveiro, mas na Área Metropolitana do Porto. Considera-se um homem do Norte?
Sou do Futebol Clube do Porto. Gosto de francesinhas. Gosto de dizer asneiras, apesar de dizer menos das que gostava. Gosto das nortadas de Espinho. Com origens o Norte sem dúvida, mas confesso que Leiria, é a minha casa, é a terra dos meus filhos.
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Ovos moles ou brisas do Lis?
Não pode ser outra coisa? Eu até gostos de doces, mas foram logo dois que não acho grande piada. Com os anos tenho andado a ficar mais adepto de doces, ainda chego às brisas do Lis!
O que nos pode dizer de bom sobre Lourosa?
É uma terra de gente trabalhadora, trabalho muito duro. Terra que cresceu à volta da cortiça e da produção de rolhas. É aqui, em Lourosa e nas terras próximas, que são produzidas a maior parte das rolhas de cortiça de todo o mundo.
Como vem parar a Leiria?
Vontade de parar para repensar na vida e no que se quer dela. Procura do local para construir o ninho. Leiria até hoje, tem-me dado tudo isso.
Antes de cá chegar passou por Coimbra, onde foi administrador da associação académica. Era um estudante certinho?
Se o que entende por estudante em Coimbra é apenas o casa-faculdade e faculdade-casa então a resposta é não. Se juntarmos a isso o “sal”: a vida académica, os amigos, as tunas, a AAC, a capa e a batina, os amores e os desamores, a Cabra, o Mondego e todas aquelas outras coisas que não estão aqui, então sim, fui um estudante certinho.
Passar dos estudos de violino para a tuna é como deixar a cozinha francesa pelo fast food?
A curva de aprendizagem da técnica de tocar violino caiu abruptamente, até aos dias de hoje e temo que para sempre. Agora, nem tudo é mau! Houve um conjunto de outras curvas de aprendizagem que se demonstraram!
Como dirigente da Associação de Pais dos Capuchos, o que é que pedia ao Pai Natal?
Bom senso. Estratégia e planeamento. Partilha de informação por todos os intervenientes educativos.
Três filhos: quando não anda a correr por causa deles, também corre para se manter em forma?
Vou tentando correr quando posso e sempre menos do que aquilo que queria. É um momento de auto-reflexão.
O que é uma boa educação, lá em casa e nas escolas do concelho?
É comum a resposta: respeito pelas pessoas, capacidade de ouvir, capacidade de pensar e argumentar e capacidade para estarmos atentos, olharmos para o lado, para as pessoas que passam por nós e que a maior parte das vezes ignoramos.
Se fosse outra capital além da capital de distrito, Leiria seria capital de quê?
Capital da Vontade. Existem tantas pessoas e tantos projectos com vontade de mudar o mundo aqui em Leiria. Pessoas fantásticas e projectos fantásticos que surgem apenas da vontade de pessoas, que nascem da cidadania activa. E o mais incrível é que isto pega-se!