Maria Eduarda Branco, 17 anos, foi eleita a aluna empreendedora da região Centro. O projecto WaterFlush da jovem do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro, de Caldas da Rainha, venceu o Concurso Regional de Ideias de Negócio nas escolas, promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
A ideia inovadora prevê a criação de uma empresa de consultadoria especializada para o sector de construção civil, de saneamento doméstico e industrial e a gabinetes de arquitectura, para que a solução técnica seja implementada, permitindo, deste modo, a reutilização da água e uma economia circular.
Maria Eduarda Branco explica ao JORNAL DE LEIRIA que a sustentabilidade do planeta e o uso racional da água potável são preocupações que a acompanham há algum tempo. “Somos expostos diariamente a notícias de que, no futuro, um litro de água será mais caro do que um litro de petróleo. Há zonas onde a água é um bem escasso e é necessário poupar o seu consumo”, afirma.
A jovem interroga-se diariamente por que razão a água da descarga do autoclismo é potável. Daí ter pensado numa solução para reaproveitar as águas do banho e lavatório para as descargas sanitárias. “A ideia seria instalar debaixo do chão um dispensador com tratamento de resíduos, para tratar minimamente a água, que seria depois enviada para o autoclismo. Entendi que seria inovador criar uma empresa que prestasse consultadoria a outras. É um negócio be to be, de valor acrescentado”, explica a estudante de Economia.
Com o slogan “Don’t flush clean water”, o projecto inclui ainda uma formação especializada para os quatro funcionários da micro-empresa. “Este sistema não iria só poupar água, mas também o valor da factura dos agregados familiares”, sublinha, ao referir que a participação no concurso fê-la aprender que “ser empreendedor não é necessariamente aquele que constrói uma empresa, mas que olha para as adversidades e consegue ser empreendedor na sua empresa. É uma atitude.”
Maria Eduarda Branco teve de estipular um orçamento para a criação da empresa, tendo previsto um valor de cerca de 82 mil euros, no seu primeiro ano de actividade, valor que serviria para suportar os diferentes custos, entre os quais a patente. A aluna considera este projecto uma forma de dar voz aos jovens. “É notória a ausência da representatividade de jovens e tudo o que permite dar oportunidade aos jovens é óptimo. Para mim, foi muito enriquecedor. Antes da pandemia já tinha intenção de participar neste concurso, mas como era online, não fiquei muito motivada”, conta.
Criar efectivamente a WaterFlush seria um sonho para Maria Eduarda Branco, que assume o orgulho que tem no seu projecto. “Quem sabe, se no futuro conseguirei? Mas acredito que seja complicado ter uma micro-empresa em Portugal. Houve um senhor da empresa Visabeira que me disse que se tivesse a empresa seria meu cliente”, afirma a estudante, que olha para o seu futuro ligado ao mundo empresarial.