Ancorada em novos clientes e novos projectos, em produtos com maior valor e em novas empresas, a par de um “forte investimento [800 milhões de euros em 2018]”, a indústria portuguesa de componentes cresceu nos últimos dez anos de forma sustentada, “a uma taxa superior à dos seus mercados”.
No ano passado, o volume de negócios gerado atingiu os 11,3 mil milhões de euros, um crescimento de 8% face a 2017, segundo dados da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.
De acordo com a AFIA, 98% dos carros fabricados na Europa têm componentes made in Portugal. Espanha (21%), Alemanha (17%), França (12%) e Reino Unido (8%) são os principais destinos das exportações nacionais, que no ano passado somaram 9,4 mil milhões de euros, um aumento de 6% em relação a 2017.
Tal desempenho tem sido possível porque o sector é constituído por empresas com um perfil altamente tecnológico, com padrões de grande exigência e rigor.
No último encontro que a associação promoveu, Tomás Moreira, presidente da AFIA lembrou que se registam mudanças significativas na indústria automóvel, que trazem consigo novos desafios para o sector dos componentes: limitações nas emissões, motorizações alternativas, conectividade e novos conceitos de mobilidade, entre outras.
No evento, a associação apontou ainda outros constrangimentos que a indústria portuguesa de componentes enfrenta: os custos operacionais (logísticos, de energia, dos factores de produção e decorrentes da burocracia e da regulamentação) e a falta de alternativa ferroviária à rodovia.
Este e outros riscos podem colocar em cheque a performance de um sector que dá emprego directo a 55 mil pessoas, nas 265 fábricas existentes em Portugal. A Iber-Oleff é uma delas.
Nesta fábrica de Pombal são desenvolvidos e produzidos componentes cinemáticos e decorados para interiores de automóveis, tais como ventiladores, frentes de rádios, porta copos e porta objectos. Entre os seus principais clientes directos estão marcas como a VW, Audi, Porsche, BMW, Toyota, McLaren, Jaguar, Ford, Honda, Fiat, Bosch, Aptiv, Visteon e Rydel.
Os “elevados valores de investimento necessários para o desenvolvimento e industrialização de cada novo projecto, agravados pela elevada volatilidade dos mercados e tecnologias, assim como a velocidade necessária para a integração logística da diversidade de componentes e tecnologias que são requeridas” são alguns dos principais constrangimentos que o sector dos componentes enfrenta, aponta o director-geral da empresa.
[LER_MAIS] José Valente diz que “é pertinente tomar em consideração os desafios do crescimento acelerado da concorrência global ao nível de fornecedores acreditados”, assim como da “grande necessidade de criar competências e recursos suficientemente ágeis e capazes de fazer face ao constante desenvolvimento da integração de tecnologias no sector produtivo, e fazer face aos desafios permanentes não só de produtividade como da tecnologia em constante mutação”.
Tendo em conta as mudanças na indústria automóvel, nomeadamente no que toca à tendência de electrificação, o gestor diz que a Iber-Oleff tem vindo ao longo dos anos a preparar-se, com parcerias e projectos de R&D tecnológicos nas áreas que identifica como cruciais, monitorizando as tendências e estratégias dos seus clientes e do mercado em geral.