Entre 2019 e 2021, o número de internamentos sociais no Centro Hospitalar de Leiria (CHL) mais do que triplicou, passando de 66 para 216. Em causa, estão pessoas que permaneceram dias, semanas e até meses internadas depois de tratadas e de terem alta médica, na maioria dos casos, à espera de vaga na rede de cuidados continuados ou em lares. Grande parte desses internamentos envolve idosos.
De acordo com dados do CHL, em 2019, a instituição registou 66 casos de alta protelada por questões sociais, passando para 119, no ano seguinte, e para 216, em 2021. No presente ano, e à data de segunda-feira, dia 16, o CHL tinha seis doentes nessa situação, “todos” a aguardar “o ingresso em Unidades de Cuidados Continuados”, com uma média de 77 anos.
Um desses internamentos arrasta- se há “89 dias”, com o doente a permanecer no Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira à espera de vaga em cuidados continuados na região de Lisboa e Vale do Tejo.
“Estas situações de prolongamento do internamento hospitalar estão relacionadas com a dificuldade de, em certos momentos, não ser possível ter uma resposta mais célere de outro tipo de cuidados adequados ao doente”, esclarece o CHL.
Ao JORNAL DE LEIRIA, a instituição sublinha ainda que as respostas aos casos de internamentos sociais são procuradas, de forma articulada, envolvendo “a família do doente, a equipa coordenadora regional dos Cuidados Continuados Integrados do Centro ou de Lisboa e Vale do Tejo (dependendo da área de residência do doente), a Segurança Social e outras entidades da comunidade”. O problema é que as soluções esbarram, frequentemente, na falta de resposta de valências para onde possam ser encaminhados os utentes.
A nível nacional e, de acordo com sexto Barómetro de Internamentos Sociais, divulgado na semana passada pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), no passado dia 16 de Março estavam internadas, de forma inapropriada, nos hospitais portugueses 1.048 pessoas, mais 195 face ao período homólogo do ano passado.
Segundo os cálculos da APAH, essa ocupação de camas hospitalares com pessoas que não necessitariam de estar internadas representa um custo de quase 19,5 milhões de euros. De acordo com aquele barómetro, a falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é apontada como responsável por mais de metade dos casos de alta protelada