Investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, Inês Morão está a desenvolver um projecto de conservação de tartarugas marinhas em São Tomé e Príncipe. O objectivo é perceber o estado de contaminação das principais espécies que povoam o arquipélago, contribuindo, dessa forma, para a sua conservação e salvaguarda.
O primeiro contacto de Inês Morão com as tartarugas marinhas aconteceu em 2016, durante o último ano da licenciatura em Biologia Marinha e Biotecnologia, feita na Escola Superior de Tecnologia do Mar, em Peniche.
A jovem, de 26 anos, conta que foi o professor João Correia que, no âmbito das aulas de Biologia Pesqueira, a pôs em contacto com Sara Vieira, uma das coordenadoras do Programa Tatô, desenvolvido por uma Organização Não Governamental (ONG) de São Tomé que trabalha na conservação de tartarugas marinhas.
Inês Morão acabaria por conseguir uma bolsa atribuída pela empresa Flying Sharks, fundada por João Correia, que lhe serviu de “suporte” para a sua primeira experiência no arquipélago. Durou apenas um mês, mas o suficiente para a cativar para esta área.
Durante esse período, ajudou a “organizar dados recolhidos e armazenados”[LER_MAIS] por aquela ONG, que lhe serviram depois para fazer um estudo demográfico das populações de tartarugas marinhas no âmbito do seu projecto de final de curso. Foi também nessa fase e, a partir dos contactos que teve com a equipa do Programa Tatô, que começou a desenvolver a ideia para um estudo ecotoxicológico na ilha.
“Não havia estudos que nos indicassem o estado de saúde das populações de tartarugas marinhas nesta região”, recorda Inês Morão, que viria a ganhar um prémio internacional atribuído pela Clear Reef Social Fund para concretizar o projecto. No final de 2017, regressou a São Tomé e Príncipe, onde realizou as amostragens para a sua tese de mestrado, com a parte de análise a ser feita em Peniche, no edifício do Cetemares (edifício-sede do MARE).
Concluída e defendida a tese, Inês Morão foi seleccionada para uma bolsa de investigação do Politécnico de Leiria, integrando a equipa liderada por Marco Lemos e Sara Novais, que lhe permitiu continuar a realizar outras análises de amostras de tartarugas marinhas.
A bióloga está actualmente em São Tomé, com uma bolsa de doutoramento onde dá continuidade ao estudo. O objectivo, explica, é perceber o estado de contaminação, com metais pesados e outros contaminantes, das populações de tartarugas no arquipélago, “nomeadamente as tartarugas verdes (Chelonia mydas), oliva (Lepidochelys olivacea) e de pente (Eretmochelys imbrivata)”.
Por outro lado, pretende-se também analisar “as respostas que os organismos destas espécies ameaçadas” estão a manifestar em resultado dessa contaminação. “É esperado ainda que sejam desenvolvidas ferramentas que possam ser usadas em estudos futuros de biomonitorização de populações de tartarugas e outros organismos”, adianta.
A investigadora frisa que projecto, liderado pelo MARE-IP Leiria, conta com vários parceiros locais, onde se inclui, além da ONG Programa Tatô, a Fundação Príncipe, através do projecto ProTeTuga, que tem objectivo tornar a ilha do Príncipe num santuário para as tartarugas marinhas.