A Oceano Azul está a desenvolver no porto da Nazaré uma maternidade de bivalves, investimento de 3,4 milhões de euros, dos quais 1,1 milhões comparticipados pelo programa MAR2020.
O projecto, visitado esta terça-feira pela ministra do Mar, vai contribuir para que o sector da aquacultura atinja, até final de 2020, uma produção de 20 mil toneladas, estimou Ana Paula Vitorino.
Citada pela Agência Lusa, a governante considerou que a maternidade, que irá produzir por ano 200 milhões de sementes de ameijoa, “vem colmatar uma lacuna” ao nível da produção deste produto, actualmente comprado em Espanha, e “alargar a cadeia de valor da aquacultura”.
Durante anos, o sector teve “uma produção estável de 10 mil toneladas” que, segundo a governante, conheceu “um desenvolvimento notável nos últimos três anos” e onde a nova maternidade surge como “uma mais valia” em termos económicos e da “criação de emprego altamente qualificado”.
A maternidade de bivalves, pioneira no país, vai produzir, em tanques com água do mar, sementes de ameijoa ‘rainha’ e ‘macha’ até ao tamanho de três milímetros, para colmar “níveis de produção [natural] reduzidos daquelas espécies”, explicou à Lusa Andreia Cruz, bióloga da Oceano Fresco.
Actualmente em fase de construção, a maternidade deverá iniciar a produção “no primeiro trimestre de 2020” e gerar, anualmente, 200 milhões de sementes de ameijoa e ostras, que serão depois transferidas para uma área de cultivo em mar aberto, ao largo de Alvor, onde até ao final do ano será instalado um viveiro com capacidade para a engorda de 1.600 toneladas daquelas espécies. Este viveiro terá um custo de três milhões e uma comparticipação de 1,5 milhões de euros.
“As duas instalações permitirão à empresa cobrir o ciclo completo”, numa abordagem integrada que permitirá seguir os bivalves desde a sua criação à comercialização para depuradoras e, numa segunda fase, para o mercado internacional. As duas instalações criarão, no total, duas dezenas de empregos, parte dos quais qualificados e virados para a investigação.
A ministra visitou também as obras da nova unidade de transformação da Luís Silvério e Filhos (ver caixa) em Valado dos Frades.
No final, não regateou elogios aos promotores de ambos os projectos. “É impressionante, o nosso país está a dar o salto e isso só nos pode deixar a todos orgulhosos”, salientou Ana Paula Vitorino.
Nova fábrica para transformar peixe
Ana Paula Vitorino foi também ver os trabalhos da nova unidade de transformação de pescado da Luís Silvério & Filhos, investimento de 16 milhões de euros, dos quais 6,5 milhões comparticipados pelo MAR2020.
A nova fábrica, na Área de Localização Empresarial de Valado dos Frades, aposta em novas formas de apresentação do produto, de que é exemplo o peixe seco processado em ambiente industrial.
A unidade vai transformar ainda espécies com baixo valor comercial, como carapau, cavala, verdinho ou salema, e terá capacidade para produzir 15 mil toneladas de congelados por ano.
O projecto surgiu da necessidade de apresentar ao mercado novos produtos, de reforçar a qualidade e de aumentar a competitividade e as exportações. Conforme noticiado em Fevereiro pelo JORNAL DE LEIRIA, com a nova fábrica a empresa da Nazaré poderá, num prazo de dois anos, aumentar as exportações dos actuais 10% para cerca de 30%.
O objectivo é, por um lado, ganhar quota de mercado nos países onde já marca presença e, por outro, chegar a novos destinos.