Está dado o primeiro passo para criar, em Leiria, uma unidade de produção de biometano a partir do biogás resultante da valorização de resíduos agro-industriais, como efluentes suinícolas e avícolas.
O projecto é promovido pela Biojoule, empresa que integra a Molgás, multinacional espanhola ligada ao gás natural com presença em Leiria, que viu aprovada a candidatura que apresentou ao PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, através do Programa de Apoio à Produção de Hidrogénio Renovável e outros Gases Renováveis.
O contrato de financiamento acaba de ser assinado e prevê um apoio na ordem de 2,7 milhões de euros (ME) a um investimento que, numa primeira fase, rondará 7 ME. Segundo Fernando Breda, administrador da Molgás em Leiria, há a perspectiva de, numa fase posterior, o projecto ser ampliado, com um reforço de mais 15 ME.
“É um projecto onde todos ganham. Valoriza uma matéria-prima – os efluentes – que tem gerado dificuldade, alivia-se a ETAR do Coimbrão, que deixará de receber este tipo de resíduo, e ganha o ambiente, a cidade e o concelho de Leiria”, afirma o administrador, frisando que está em causa a produção de biogás “totalmente verde”.
O projecto encontra-se em fase de licenciamento e a estimativa dos promotores é que a unidade comece a operar “no final de 2024”, com uma capacidade inicial para produzir aproximadamente 90 GM/ hora/ano, revela Fernando Breda, adiantado que a Molgás tem já projectos do género em Itália e Espanha e está a avançar agora para o centro da Europa, com a criação de uma unidade na Polónia.
“É uma solução que se enquadra na estratégia ambiental do município, que tem trabalhado na atractividade de empresas que promovam a valorização dos efluentes agro-industriais”, salienta o presidente da Câmara de Leiria, que destaca a “maturidade” do projecto.
“Há fundos disponíveis, vontade de investimento, uma empresa interessada em fazê-lo e fornecedores de matéria- prima”, reforça Gonçalo Lopes, que acredita que esta é “uma excelente oportunidade para vencer em duas áreas: continuar a criar riqueza e ajudar a resolver um problema ambiental”.