Em 1958, brilhou na Feira das Indústrias Portuguesas, onde foi apresentado como o primeiro automóvel totalmente português. Hoje, 57 anos depois, um de dois exemplares do IPA300 produzidos em Porto de Mós volta a ser estrela.
Agora, na exposição Micro carros, grandes histórias, patente no Museu do Caramulo até final de Fevereiro. A este propósito, recordamos a curta vida deste elegante coupé, cuja licença para a produção em série foi recusada pelo Governo de Oliveira Salazar.
O IPA 300, concebido em versões coupé de dois lugares e para famílias com duas crianças, nasceu de um acaso, ao qual se juntou a paixão e o engenho de João Monteiro da Conceição, engenheiro e empresário de Porto de Mós.
Quis o destino que, certo dia, quando António Gonçalves, um apaixonado por automóveis, se passeava na zona do Chão da Feira, em plena EN1, o seu Lusito – um pequeno protótipo automóvel – sofresse uma avaria, mesmo junto à oficina de metalomecânica de Monteiro da Conceição, que foi chamado a ajudar.
Estávamos em 1954 e nascia, assim, uma parceria que levaria os dois a constituírem uma sociedade: a Indústria Portuguesa de Automóveis – O Quadriculo Lda. “O meu pai tinha uma paixão muito grande por automóveis e, apesar da sua formação ser em engenharia civil, tinha experiência em engenharia de minas e de máquinas, fruto do trabalho que teve na Empresa Mineira do Lena”, conta José Charters Monteiro.
O filho de Monteiro da Conceição lembra que, durante a II Guerra Mundial, a propósito da escassez de gasolina, o pai esteve envolvido na adaptação de carros com motor de compressão, fazendo-os trabalhar a gasogénio.
“Instalava-lhes numa bagageira externa um mecanismo onde queimava carvão, que alimentava o veículo”. Nos anos seguintes, Monteiro da Conceição pôs todo o seu saber e muitos dos seus recursos financeiros no projecto de, a partir do Lusito, construir um automóvel que pudesse a ser fabricado em série.
“A base mecânica [do IPA 300] era a do veículo inglês Astra”, pode ler-se no site do Museu do Caramulo, que cita um memorando escrito em 1956 por Monteiro Conceição, onde este explica que tiverem de recorrer à indústria estrangeira para encontrar determinados constituintes para o carro (caixa de velocidades, diferencial, direcção, travões e alguns artigos eléctricos).
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