Manuel e António Piteira, dois irmãos de 14 e de 16 anos, naturais da Marinha Grande, atletas do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente, têm subido ao pódio em diversas competições de patinagem de velocidade pelo País e além fronteiras.
É uma questão de mérito, de esforço pessoal e de grande suporte familiar, reconhecem os pais e o treinador. E acreditam que, se melhores condições houvesse para treinar, mais prémios conseguiriam alcançar.
Recentemente, nos 3 mil metros pontos, Manuel arrecadou a medalha de ouro no Grande Prémio da Flandres, uma prova da Taça da Europa que se realizou de 12 a 14 de Agosto em Oostende, na Bélgica. Já António conseguiu no Campeonato da Europa de 2021 a medalha de bronze nos 100 metros, tornando- se o primeiro português a subir ao pódio nesta prova.
E, por estes dias, António representa de novo Portugal em L’Áquila, em Itália, no Campeonato da Europa que está a decorrer desde 4 de Setembro até ao próximo domingo, dia 11. Até ao fecho desta edição, o jovem já conquistou a 6.ª posição nos 500 metros sprint o 8.º lugar nos 200 metros.
Resta a Manuel continuar a torcer agora pelo irmão mais velho, sonhando um dia também ele poder participar nesta competição. “Treinamos os dois, puxamos um pelo outro e somos muito unidos. Partilhamos opiniões e técnicas”, conta o atleta mais novo ao nosso jornal.
Convocado para representar a Selecção Nacional de Patinagem de Velocidade foi também outro jovem natural do concelho, Diogo Silveira, da equipa Inline da Marinha Grande. Até ao fecho desta edição, o atleta tinha conquistado o 8. lugar nos 1000 metros, o 12.º nos 10 mil eliminar, o 15.º nos 200 metros e o 16.º nos 10 mil metros pontos.
Incentivo ao desporto e à integração social
Os resultados obtidos por António e Manuel Piteira são, em grande parte, produto do trabalho desenvolvido pelo clube Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente, um projecto impulsionado pelo professor José Santana, que é também treinador nesta instituição criada em 2010. Este clube de patinagem de velocidade conta com 47 atletas [LER_MAIS]federados, num conjunto de cerca de uma centena de alunos praticantes, sendo que alguns deles já contagiaram os pais, que entretanto se tornaram também grandes apaixonados pela modalidade.
José Santana já perdeu a conta ao número de jovens que ao longo destes anos passaram pelo clube. “Muitas centenas”, acredita o professor, que reconhece na patinagem não apenas uma forma de exercitar o corpo, como também uma maneira de promover a interacção e a integração social de várias gerações.
Um dos jovens patinadores já está de resto a fazer formação para poder dar aulas, congratula-se José Santana. Quanto aos irmãos Piteira, são “empenhados e bons colegas”, observa o treinador. Enquanto Manuel tem mais características de fundista, António distingue-se mais em desafios de velocidade. Por isso, foi e será nas provas rápidas que o seleccionar irá integrar António neste campeonato em Itália, acredita o seu treinador.
“As expectativas são boas e ele irá fazer o melhor possível. Só o facto de participar já é uma experiência muito positiva”, salienta José Santana.
Esforço acrescido, enquanto patinódromo não sai do papel
Mais e melhores marcas conseguiriam arrecadar os atletas do clube se melhores infra-estruturas tivessem à sua disposição para treinar, acredita José Santana, recordando que a criação de um patinódromo na Marinha Grande foi o projecto vencedor do Orçamento Participativo, em 2017, obra que até à data não se concretizou.
O lamento é partilhado por Luísa Morgado, mãe de Manuel e de António Piteira, que é também delegada deste clube. Recentemente, já no mandato de Aurélio Ferreira, foi informada de que o patinódromo é um projecto a ser executado, não havendo ainda, contudo, uma data prevista para a sua construção. Enquanto a obra não sai do papel, resta aos atletas treinar no pavilhão da Escola Básica 2/3 Guilherme Stephens ou no Parque Municipal de Exposições. Ou, para poder praticar em pista, viajar até Canelas e usar o patinodrómo disponibilizado pelo clube local.
Luísa Morgado tem “um orgulho muito grande” no desempenho dos filhos, que se levantam muitas vezes às 6 horas para aproveitar o piso de uma estrada recentemente alcatroada. “Mas esta é uma modalidade que exige muita técnica e eles, não tendo pista, têm de se se esforçar muito mais”, constata.
Pelo Diogo, pais também fazem “sacrifício”
“É uma tristeza que isto aconteça, quando há resultados tão bons”, nota também Tiago Silveira, pai do Diogo, atleta de 16 anos, que por estes dias defende as cores do clube Inline da Marinha Grande no Campeonato da Europa, em Itália. O jovem pratica patinagem de velocidade desde os 4 anos e é federado desde 2013.