Costumam dizer que nasceram e foram criados no mundo dos cavalos. Com um pai juiz internacional de dressage e uma mãe ligada à organização de eventos na área do hipismo, já andavam pelo “picadeiro e a montar em volteio com apenas três ou quatro anos.”
Têm “algumas brigas, como todos os irmãos”, mas até se dão bastante bem e surpreendem com a partilha de um objectivo pouco comum para dois jovens: “representar Portugal nas competições internacionais”. Apaixonados por cavalos, Catarina e Sebastião Lucas Lopes, de 21 e 20 anos, respectivamente, acompanharam a actividade da família mesmo quando todos achavam que se iam fartar. “Foi precisamente o contrário”, atiram, de sorriso rasgado.
Naturais de Torres Vedras, foi desde muito cedo que começaram a treinar no Centro Hípico Dom Cavalo, nos Milagres, Leiria, onde o pai era treinador e onde acabaram por conhecer os cavalos Ferrolho e Inquieto.
Numa “relação intensa” com o Ferrolho há três anos, como descreve entre risos, Catarina explica que no início ninguém acreditava neste cavalo mas “acabou por ser o que deu mais”.
Ao lado, o irmão mais novo assume que está a trabalhar a relação com o seu Inquieto “porque é diferente, é um cavalo muito tímido e medroso”.
“Estes são os melhores cavalos para uma pessoa aprender porque estão sempre connosco, são super generosos com o seu cavaleiro, têm um coração do tamanho do mundo e querem sempre fazer o melhor”, conta Catarina, assumidamente fã da raça com a qual já conquistaram vários títulos numa das modalidades equestres olímpicas.
Campeões nacionais em dressage, estes jovens fascinam-se com o “objectivo da busca pela perfeição”.
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A modalidade, também conhecida por adestramento ou ensino, “é como uma dança entre o cavalo e o cavaleiro onde existe uma harmonia no seu conjunto e o objectivo é parecer fácil”.
gora, a estudar numa universidade de Lisboa, para onde levaram os cavalos para conseguirem treinar diariamente, os irmãos desdobram-se entre o hipismo e os estudos. Ela em ciência política e relações internacionais, e ele em economia. Saem juntos de manhã, bem cedo, para a escola, depois seguem para o centro hípico e chegam a casa, já tarde, para estudar. “Não é fácil, nada fácil”, sublinha Catarina, enquanto o irmão acena positivamente.
O ‘combustível’ é, sem dúvida, “a paixão pelos cavalos”.
Ambos sonham com os Jogos Olímpicos
Sebastião estreou-se nas competições em 2014 com o bronze no escalão de juvenis. Além de três participações nos Europeus em júnior, conquistou a medalha de ouro em ‘Junior S’ e uma em jovens cavaleiros.
Por terem um ano de diferença nunca competiram no mesmo escalão, mas quando chegarem ao Grande Prémio “isso vai acontecer para o resto da vida”.