Tecnea. É assim que vai chamar-se o espaço que a Isicom comprou na Barosa e que pretende tornar num “edifício tecnológico”, onde serão instaladas empresas que trabalham tecnologias de suporte à indústria da região. O projecto implica um investimento total de 3,5 milhões de euros.
Paulo Ferreira, administrador da empresa de Leiria, diz que a Tecnea (antigo edifício Sonigate) vai receber as empresas do grupo – Isicom IT, Isicom Tec e CadSolid – mas também outras que trabalhem tecnologias complementares.
Um dos aspectos que ressalva é a quantidade de engenheiros que poderão vir a trabalhar no local. “Prevemos acomodar 250 engenheiros, em diversas áreas, sendo que 50 fazem já parte da nossa estrutura. Os restantes poderão ser novas contratações e profissionais que integrem as empresas que venham a instalar-se no local”.
Outro dos objectivos são as sinergias entre as empresas instaladas. “A ideia é que o Tecnea seja um espaço onde os empresários encontram diversas soluções tecnológicas para a sua indústria”, diz Paulo Ferreira, adiantando que a Isicom vai começar a ocupar o piso menos um já em Março (os pisos zero e um serão alvo de obras, a iniciar brevemente).
Além de gabinetes e de salas de formação, o projecto contempla a existência de bar, cantina, espaço de lazer e de um auditório com capacidade para cerca de 150 pessoas. Haverá ainda oficinas para fabricação de componentes para células de fabrico, laboratório de impressão 3 D e laboratório para desenvolvimento no âmbito da indústria 4.0, da Isicom.
Espaços que estarão abertos a visitas programadas de estudantes, para os “sensibilizar e motivar” para estas áreas. “A fabricação aditiva, vulgo impressão 3 D, e a indústria 4.0, são uma realidade a que as empresas já não podem deixar de atender e estão a gerar um interesse global crescente”.
Fornecedora de tecnologias para a indústria, nomeadamente metalomecânica, moldes, aeronáutica, plásticos, mobiliário e calçado, a Isicom tem-se especializado na instalação de células de fabrico. Além de produzir componentes e acessórios, “desenvolve o cérebro” destes sistemas, aquilo que permite que as máquinas e manipuladores (tipicamente robots de seis eixos) trabalhem de forma autónoma. “Integramos num processo inteligente diferentes máquinas para cumprir diferentes operações nas peças a fabricar”, explica Paulo Ferreira.
[LER_MAIS] “O nosso sistema decide e reage não só a eventos previstos do processo, como também a situações não previstas, através dum algoritmo de “machine learning”. Sem a célula de fabrico, tem de haver alguém que decida o que fazer a cada evento previsto ou não previsto. Com a célula, é preciso que haja regras para que o sistema saiba o que fazer em cada momento. Quanto mais regras forem colocadas, mais inteligência o sistema tem. Chegamos a um ponto em que o sistema é completamente autónomo”, explana o empresário.
Nesta área, a Isicom “compete actualmente em Portugal com empresas alemãs, suíças e italianas”. Apesar do foco estar na indústria portuguesa, está a dar passos consistentes na exportação. Em Espanha, onde detém a empresa SolidCam Ibérica, instalou num cliente (meados de 2017) uma célula 4.0 em funcionamento efectivo e está actualmente a “implementar um sistema de grande dimensão” noutra empresa.
Por cá, tem em mãos a instalação de dez células de fabrico na zona centro, sendo que quatro delas já se encontram a laborar. No laboratório de desenvolvimento 4.0 da Tecnea vai existir uma célula de fabrico para permitir o seu desenvolvimento e mostrar as suas vantagens a potenciais clientes.
Com 65 colaboradores, o Grupo Isicom obteve em 2017 um volume de negócios de cinco milhões de euros, o que representou um aumento de cerca de 25% relativamente ao ano anterior.